Folha de S. Paulo


Gênios impúberes

RIO DE JANEIRO - Um estudante inglês, Jamie Edwards, de 13 anos, construiu um reator nuclear –em casa, nas horas vagas, com um dinheiro que sua avó lhe deu no Natal. Há dias, na escola, ele apresentou o invento: fez dois átomos de hidrogênio se chocarem e provocou uma fusão nuclear, ou algo assim.

A ciência favorece a que certos garotos descubram ou inventem coisas espetaculares. Steve Jobs e Bill Gates, como se sabe, tinham menos de 20 anos quando pensaram no computador pessoal, na internet e em outras ferramentas que iriam mudar o mundo. E quem inventou o Google, o Facebook, o Twitter? Vários meninos também impúberes. Não por acaso, todos ficaram bilionários.

Na área da criação artística, isso é mais raro de acontecer. Supõe-se que, para fazer grande poesia, literatura ou música, exijam-se alguma idade, maturidade e experiência –pense em Dante, Stendhal, Beethoven. Claro, há exceções. Mozart, aos cinco anos, já podia dar aulas de piano a seu professor. Mary Shelley escreveu "Frankenstein" aos 19. E Rimbaud, antes dos 20, dissera tudo que tinha a dizer. Não por acaso, nenhum deles ficou bilionário.

E houve Orson Welles. Aos 25 anos, em 1941, ele revolucionou o cinema com "Cidadão Kane". Mas, antes disso, aos 22, já fora capa da "Time" por seu "Júlio César" de terno e gravata na Broadway. E, aos 23, aterrorizara os EUA com sua versão de "A Guerra dos Mundos" no rádio. Mesmo assim, um amigo da família comentou: "Quem conheceu Orson aos cinco anos sabe que ele é um fiasco aos 25".

O contrário também acontece. Meu tio-avô Benicio, um homem do século 19, levou seus mais de 80 anos de vida tentando construir o moto contínuo. E, a exemplo de milhares antes dele, fracassou. Dizem que o moto contínuo é uma impossibilidade. Mas isso porque, até hoje, nenhum menino de 11 anos resolveu construir um.


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