Folha de S. Paulo


Vale tanto quanto matemática

Fico pensando na inteligência das nossas atitudes e me pergunto: por que não nos esforçamos e mudamos um pouquinho só a direção da nossa nau?

Estava eu esfomeado, como sempre, às 16h30, no meio da rua no centro do Rio, quando me deparo com um pai e uma filha lanchando em pé numa lanchonete. A menina comia um pedaço de pizza cheia de óleo, com linguiça calabresa, e um copo de refrigerante sabor cola, e o papai dela também.

Eu com fome, querendo comer na verdade uma boa pizza, sem conseguir encontrar alguém que me vendesse uma de qualidade, parei e fiquei meditando sobre a educação dos pequenos seres humanos.

Vamos exigir culinária nas escolas do Brasil! Mas valendo nota e com o mesmo peso da matemática. Imaginem, leitores vorazes, como tudo iria mudar. Se começássemos hoje, daqui a 15 anos já teríamos uma geração cuspindo essa merda (ops!) que somos obrigados a comer nas ruas. Claro que estou descomprimindo num desabafo cansado, mas é mais ou menos isso aí.

O currículo escolar poderia não só incluir a culinária, mas conectar as matérias num ensino mais divertido e amplo. Por exemplo: sabemos que o manuseio da farinha para virar pão nasceu onde hoje é o Iraque. Essa cultura da farinha/pão só chegaria à Europa, que era mais atrasada na época do que o Oriente –e ainda é de certa maneira–, por meio dos guerreiros que foram invadindo o Ocidente com a farinha debaixo das selas dos cavalos.

Juntando o ensino dos nutrientes, teríamos uma aula que misturaria biologia, história e culinária. Muito mais divertido. Bem, esse foi só um exemplo.

Na minha opinião, não dá para, no Brasil, qualquer pessoa poder abrir um botequim e colocar alguém sem a menor formação –independentemente se de um curso profissionalizante ou de casa–, para cozinhar e alimentar as pessoas.

Isso também é corrupção. Vale qualquer coisa para fazer dinheiro e que se f... Aliás, isso poderia estar escrito na bandeira brasileira.

Fica aqui o meu protesto. Só para deixar claro, eu amo o Brasil.


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