Folha de S. Paulo


Março de 2015

RIO DE JANEIRO - O Rio deve ser o Estado mais atingido pelas investigações da Operação Lava Jato, pela crise da Petrobras e pelos ajustes do governo federal. Os caciques políticos fluminenses estão enredados nos inquéritos de corrupção, lavagem de dinheiro e caixa dois de campanha.

O atual governador Luiz Fernando Pezão e o ex Sérgio Cabral (ambos do PMDB), o senador Lindbergh Farias (PT) e o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), negam irregularidades, mas estão nas cordas.
Em 2014, a campanha de Pezão à reeleição, numa aliança política com 18 partidos, foi a segunda mais cara do país. Arrecadou oficialmente R$ 45,2 milhões, o dobro dos adversários somados, sendo que 69% vieram do comitê financeiro do partido, ou seja, doações não identificadas.

Em junho de 2013, as ruas foram tomadas por multidões. Cabral era um dos principais alvos. Não eram só alguns centavos. E agora perante os milhões? O que gritarão as ruas?

Na comemoração oficial dos 450 anos do Rio, Dilma discursou e foi aplaudida por um seleto grupo de convidados. A ouvidos atentos, entretanto, foi possível captar do prédio vizinho um solitário grito: "Fica quieta, Dilma". Era um sinal. Uma semana depois, veio o panelaço. Nesta quinta, a presidente volta ao Rio para rápida inauguração, em área restrita no porto. De sexta a domingo, manifestações anti-Dilma e pró-Petrobras estão marcadas para a cidade.

O pessoal da Frente Independente Popular, um dos motores dos protestos de junho, já colocou nas redes sociais: "nem dia 13 com os governistas; nem dia 15 com a classe média coxinha; todos os dias contra o Estado, contra o capitalismo e contra todas as formas de opressão".

A máxima militante de pensar nacionalmente e agir em nichos locais estará à prova. Março de 2015 é consequência de junho de 2013, ou será inflexão aos extremos? São dúvidas que só o passar dos dias responderá.


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