Dilma Rousseff mudou o verbo do governo. Viu o calendário eleitoral, os números das pesquisas, a situação no Congresso e decidiu correr para começar a "entregar".
Quer entregar menos inflação, mais moradias do Minha Casa Minha Vida, mais obras do PAC. Formar mais médicos, mais técnicos, mais universitários.
Não há reunião em que a presidente da República não inste seus ministros a levantar quais são as iniciativas "prontas para colocar na rua". Sua mais nova obsessão: bombar projetos para as cidades grandes, justamente seu ponto fraco no último Datafolha. Há cheiro de anúncio novo a caminho.
Dilma, aliás, não quer só entregar; quer aparecer "entregando". Se as manifestações de junho acuaram governantes em seus palácios, a barra já está mais limpa para sair de casa. Em pouco tempo, a petista já dobrou o número de viagens e pode, até, triplicar.
Outro dia, no Palácio do Planalto, Dilma decidiu falar com jornalistas depois de uma solenidade. Como nenhum assessor levava o púlpito portátil em direção aos repórteres, a presidente passou a mão na estrutura de acrílico e foi enfrentar as perguntas da impressa, carregando ela mesma o objeto. A cena chamou a atenção de funcionários.
No ritmo atual, Dilma Rousseff chegará em 2014 com uma ficha razoável de entregas. Quer ser a "presidente dos leilões" de infraestrutura. Se o título renderá votos, só o marqueteiro João Santana deve saber.
Como pouquíssimas concorrências saíram do papel até agora, recomenda-se seguir "entregando" e decidir depois o que vender de marca quando houver uma (ou até várias) com pegada eleitoral.