Folha de S. Paulo


Como a Macedônia elegeu Donald Trump

Pablo Martinez Monsivais/Associated Press
President-elect Donald Trump speaks to members of the media during his meeting with President Barack Obama in the Oval Office of the White House in Washington, Thursday, Nov. 10, 2016. (AP Photo/Pablo Martinez Monsivais) ORG XMIT: DCPM107
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, durante encontro com Barack Obama

SÃO PAULO - De todas as explicações que o planeta dá para a surpreendente vitória de Donald Trump, a mais divertida é a que credita parte do feito a estudantes da Macedônia. Adolescentes partem atrás de dinheiro na internet, descobrem que um clique americano vale quatro de não americanos e também o que atrai o primeiro grupo no Facebook e no Google: publicar notícias falsas a favor de Trump.

Coisas como "papa Francisco abençoa a candidatura Trump" e "diretor do FBI que investiga Hillary é encontrado morto" se transformaram em hits, e uma pequena cidade da antiga república iugoslava se tornou sede de mais de uma centena de sites especializados em "política norte-americana". Nesta semana as duas redes sociais alteraram suas ferramentas de publicidade para contornar sites de notícias falsas, dias depois de Mark Zuckerberg ter se pronunciado sobre o Facebook ser neutro e incapaz de barbaridades como eleger Trump.

Notícia inventada agora será coibida como são os endereços que prometem avantajar o sexo ou emagrecer sem esforço, modalidades que exploraram a humana vontade de acreditar em qualquer coisa. Milhões quiseram acreditar em uma vida melhor com Trump e, de certa forma, conforta imaginar que alguns foram levados não exatamente por ideologia, mas por pura molecagem. Votaram contra os efeitos da globalização e, ao mesmo tempo, sob o efeito dela.

Seria exagero dizer que imberbes influíram na eleição americana, mas minimizar o choque da tecnologia no comportamento das massas é outro. O leitor deve ter a própria lista de eventos esquisitos recentes. A minha começa em 2011, quando jovens da periferia de Londres resolveram quebrar a cidade e saquear vitrines coordenando-se pelo bbm, serviço de mensagens do finado Blackberry.

Não é 2016 que está fora da curva. São os acontecimentos bizarros que estão se sucedendo com frequência cada vez maior.


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