As duas táticas que o PT planeja, para conter efeitos eleitorais de uma CPI da Petrobras contrários a Dilma Rousseff, não prometem o que os petistas delas esperam e têm um componente ainda pior.
É fácil protelar a instalação de CPI. O PT e seus duvidosos aliados podem, de fato, levá-la em suspenso até as proximidades ou o início da Copa. A partir daí, instalada ou não, nem a oposição se empenharia em movimentá-la, na inviável concorrência com o interesse popular pelos jogos.
Mas não é bem fundada a crença dos petistas de que, passada a Copa, em agosto o contingente político estará forçosamente dedicado à campanha eleitoral, buscando recuperar em oito semanas o tempo perdido. A CPI pode ser, ela própria, um veio fértil para campanha eleitoral, justificando esforços para dar-lhe repercussão. E, nesse sentido, os partidos de oposição nem precisariam de grandes feitos: uma sessão ferina por semana será suficiente para que os meios de comunicação alimentem e engrandeçam a temática oposicionista até a sessão seguinte.
E assim em diante.
O efeito eleitoral de escândalos é criado nos meios de comunicação, não é obra dos políticos.
Quando instalada a CPI, a tática de desviá-la dos objetivos oposicionistas com temas originários do PSDB, na Petrobras ou nas transações paulistas com cartéis, não seria tão simples.
Exigiria, entre outros fatores, uma bancada petista bem preparada. O que está muito longe da realidade. Basta ver sua preguiçosa incompetência para trabalhar com as negociatas em governos peessedebistas, só abordadas por pequena parte dos jornais.
O PT está diante de um problema que não se limita a possíveis reflexos eleitorais de uma CPI da Petrobras. Entradas VIP para a Fórmula 1 são abuso de agora, mas ridículo em comparação com os indícios emitidos pela compra da refinaria nos Estados Unidos e com os desatinos perceptíveis na sociedade e na obra da refinaria em Pernambuco. E estes dois casos são de responsabilidade direta do PT e do que há de mais importante para o PT: o governo Lula e o próprio.
Não levar a sério a Petrobras, e tudo que lhe diga respeito, é ser irresponsável com o país. O que adverte para a utilização política que dela façam os oposicionistas e contém uma indagação dramática para o PT.
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Mesmo com seus novos ares de agremiações políticas, ou por causa deles, o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira devem suas apreciações sobre a constatação -do Datafolha, não do governo- de que 14 milhões de brasileiros, ou 10% de toda a população com mais de 16 anos, foram atendidos por algum médico estrangeiro em menos de seis meses do Mais Médicos.
Claro que se espera o argumento, respeitável, de que a qualidade do atendimento importa mais que a quantidade. Se as duas entidades tiverem o que dizer a respeito, não façam cerimônia. Os futuros 14 milhões de beneficiados aguardam.
ORIGINAL
General Leônidas Pires Gonçalves, sobre os 50 anos do golpe: "Nós, militares, nunca fomos intrusos na história".
A história conhecida pelo general não inclui nem a Proclamação da República.