Folha de S. Paulo


Salvamento sem fronteiras

Entres as capitais inglesa, Londres, e afegã, Cabul, existem mais de 5,7 mil quilômetros. A distância, no entanto, esvai-se graças ao trabalho da Nowzad Dogs, ONG sediada no Reino Unido e responsável por construir o primeiro abrigo para cães e gatos abandonados no Afeganistão com selo de apoio do governo local.

Ilustração Thiago Elcerdo

A história carrega ainda outra frente de batalha: reunir soldados estrangeiros que estiveram no país asiático com os animais de estimação adotados na missão militar.

A ONG já ajudou 650 militares, de diversos países das forças internacionais estacionadas no Afeganistão há mais de dez anos, a levar seus pets para casa. A criação da Nowzad tem a ver com essa realidade.

Tudo começou quando o sargento Pen Farthing desembarcou, em 2006, na cidade afegã de Now Zad. As tropas britânicas apoiam o governo pró-EUA, levado ao poder após a derrubada do Taleban, regime fundamentalista que dava refúgio a Osama bin Laden em 2001, quando ocorreram os ataques de 11 de setembro.

O fuzileiro naval Farthing, certa feita, participou do desmantelamento de uma rinha de cães na região de Now Zad. Um dos animais resgatados tornou-se inseparável do sargento, que, no retorno ao lar, trouxe o mascote. A saga de Farthing virou livro e também uma ONG.

Conheci o trabalho na Crufts, maior evento canino do mundo, realizado em março, na Inglaterra. Cães resgatados no Afeganistão acompanhavam voluntários empenhados em distribuir material sobre a iniciativa, que mantém uma clínica veterinária e promove ainda campanhas de posse responsável e de adoções para a população afegã, atingida por guerras e turbulências nas últimas décadas.

Se esforços para impedir crueldade contra animais já são difíceis no próprio país de ação dos ativistas, o que dizer de uma ação intercontinental. Vale visitar o site: www.nowzad.com.


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