Folha de S. Paulo


Cães, a rainha e o Big Ben

Silvia, minha filha, e eu desembarcamos no Reino Unido para conhecer o maior evento de cães do mundo: Crufts. A exposição, com ares de convenção internacional, transformou-se em elemento tão britânico quanto a família real ou o Big Ben.

Ilustração Thiago Elcerdo

Para mim, neófito nesse tipo de evento, a primeira surpresa apareceu na longevidade do Woodstock canino, realizado anualmente em março em Birmingham. Em 1886, Charles Crufts começou a organizar exposições. Cinco anos depois, emprestou o sobrenome à iniciativa.

Fiquei pasmo diante do gigantismo dos cinco pavilhões, da arena para exposições e eventos, dos mais de 400 estandes com produtos para cães, dos milhares de cachorros e donos percorrendo corredores e conhecendo histórias e personagens ilustres desse universo.

Encontrei Owen Howkins, cuja história relatei em coluna publicada há dois anos. O menino, de nove anos, nasceu com uma doença rara, responsável pelo enrijecimento dos músculos. Com dores crônicas e crescimento comprometido, apontava para uma vida confinada a quatro paredes, até a entrada em sua vida de Haatchi, cão adotado e com três patas. Sofreu a amputação depois de ser atingido por um trem. Havia sido amarrado ao trilho.

Com Haatchi, Owen abandonou a ideia da reclusão e passou a frequentar eventos caninos. Eternizei nosso encontro em fotos.

Silvinha topou com a adestradora Victoria Stilwell, do programa "Ou Eu ou o Cachorro", exibido no Brasil. Minha filha perdeu a respiração por alguns segundos. Recuperada, tietou o quanto pode. Comprou livro autografado e tirou fotos ao lado da estrela.

Silvia e eu não ligamos muito para pedigrees. Gostamos é de cães e de seu universo. Crufts, nas últimas edições, enfatiza estar mais preocupada com o bem-estar dos animais e com a promoção dessa relação ímpar entre humanos e caninos. E, graças a esse foco, aproveitamos muito a viagem.


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