BRASÍLIA - O futebol volta à vida real nesta quarta-feira (16). O Campeonato Brasileiro será retomado. Os jornais publicarão depois as estatísticas dos estádios, todos com menos público do que na Copa. Os os jogos são às 22h por determinação da TV patrocinadora do evento.
Haverá uma certa ressaca. Dilma Rousseff sabe disso. Resolveu então começar a semana reunindo mais de 15 ministros para martelar que esta foi a Copa das Copas. O slogan é um jogo de palavras um pouco infantil e ingênuo. No século 21, Copa é igual a computador: sempre haverá um melhor e mais atraente a cada quatro anos. Só que numa campanha eleitoral, às vezes ganha quem ocupa espaços, sintetizando ideias e repetindo uma versão "ad nauseam".
O problema é a realidade. A do futebol é uma delas. Assisti a cinco jogos da Copa do Mundo no estádio Mané Garrincha, em Brasília. É uma edificação melhor do que eram as arenas pré-Copa? Claro que sim. Custou R$ 1,4 bilhão (valor oficial). Mas o acabamento é de quinta categoria. Vi várias portas quebradas nos banheiros –não por vandalismo. O material é de péssima qualidade. Havia exemplos por todos os lados.
No aeroporto de Brasília, o piso na segunda-feira à noite pós-Copa já estava imundo. O local continua em obras. Durante o torneio houve a preocupação de lustrar o que era possível. Agora, nos guichês das companhias aéreas já há menos gente trabalhando. Padrão pós-maquiagem.
É evidente que alguma coisa ficará do torneio hospedado pelo Brasil. Estádios novos, algumas obras de mobilidade urbana, aeroportos quase prontos. E a memória dos brasileiros do mês de semiférias coletivas no país, com vários feriados sucessivos para que tudo pudesse funcionar.
Para efeito eleitoral, o impacto ainda está para ser apurado. Dilma tenta faturar enquanto pode. Faz parte. Só não está claro o quanto os brasileiros vão comprar dessa versão tão edulcorada sobre a Copa das Copas.