Folha de S. Paulo


O mestre e o pequeno gafanhoto

No comunicado em que anunciou as renovações dos contratos de Massa e Bottas, a Williams deixou bem claro como vê os papéis dos pilotos na sua estrutura.

Logo no segundo parágrafo, destaca que o brasileiro chegou ao time em 2014 e que desde então conquistou uma pole e quatro pódios. "Sua experiência de mais de uma década na principal categoria do automobilismo é um ativo valioso."

Em seguida, cita Bottas, apresentando-o como "um dos mais promissores talentos da F-1, com sete pódios nos últimos dois anos".

Seguem declarações protocolares de ambos e de Sir Frank, até uma pincelada final, amarrando os discursos.

A equipe diz que "Felipe carrega consigo um mix de experiência e velocidade que é um atributo raro" e que "Valtteri tem potencial para disputar título mundial".

Sim. Aos 34 anos, Massa virou uma espécie de mestre do pequeno gafanhoto. Um tutor.

Tem permissão da equipe para lutar por poles e vitórias, claro, mas não é exatamente isso o que mais se espera dele. Sua principal missão é ensinar o caminho das pedras para o garoto prodígio.

Feito que foi pouco destacado, o brasileiro tornou-se em Mônaco o décimo piloto com mais GPs na história da F-1. No ano que vem, deve superar Coulthard e Fisichella e se tornar o oitavo. É algo notável.

Seu currículo exibe ainda 11 vitórias, 16 poles e 15 melhores voltas. São números igualmente expressivos.

Para a Williams, já está de bom tamanho. Mas será que acabou?

Menos pela capacidade de Massa e mais pela fase da equipe, é provável que suas marcas estacionem por aí mesmo.

A equipe inglesa vive um bom momento de reconstrução, mas ainda está a anos-luz da Mercedes. E entre ambas, há Ferrari e Red Bull.

Provavelmente, Massa não ficará em Grove tempo suficiente para ver a Williams lutar consistentemente por vitórias.

Este deve ser seu último contrato. Quando parar, olhará para trás e poderá se orgulhar do que fez – inclusive deste papel de tutor.

Para este colunista, fica bem claro que é uma carreira construída com muita batalha lá no começo e que depois foi dividida em duas fases: antes e depois do "faster than you".

(E sem querer ser chato com Sir Frank e sua filha, a competente Claire: não será lá que Bottas vai conquistar um título.)

*
Montoya, no domingo: "Dixon teve uma temporada de merda, mas fez esta boa corrida e nós fomos penalizados".

A última etapa da Indy teve pontuação dobrada. O colombiano largou com 47 pontos de vantagem no campeonato, mas bateu com Power numa relargada e terminou em sexto.

Dixon venceu, e garantiu o título.

Se a pontuação em Sonoma fosse normal, Montoya levaria a taça com 528 pontos contra 506 do neozelandês.

Deve doer demais.


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