Na Austrália, tocado por Nasr no bololô da largada, Maldonado viu seu domingo terminar no muro logo na segunda curva da corrida.
Na Malásia, furou o pneu direito traseiro ao tocar no carro de Bottas. Depois, foi punido em 10 segundos por ultrapassar a velocidade máxima atrás do safety car. Abandonou a seis voltas da bandeirada, com problemas de freios.
Na China, fritou os pneus e passou reto na entrada dos boxes. Na tentativa de recuperar o tempo perdido, rodou sozinho. Um pouco depois, travou acirrado duelo com Button na disputa pelo 13º lugar. Resultado: bateram. Abandonou a sete voltas do fim, com os freios novamente em frangalhos.
No Bahrein, alinhou o carro na posição errada do grid (!!) e levou cinco segundos de punição. Detalhe: parou o carro na 18ª posição, sendo que havia se classificado em 16º. Caso único. Luzes apagadas, escapou duas vezes da pista na primeira volta e bateu em Verstappen. Na quarta volta, arrebentou o difusor da Williams de Massa, comprometendo a corrida do brasileiro. Terminou uma prova pela primeira vez na temporada, em 15º.
Na Espanha, bateu no próprio companheiro, Grosjean, ainda na segunda volta. O choque danificou sua asa traseira. A Lotus tentou resolver o problema, arrancando toda a lateral direita do aerofólio. Não deu. Com o carro inguiável e dando sustos em todo mundo na pista, Maldonado abandonou a corrida. Alívio geral.
A esta altura, acredito, as hipóteses de "coincidência" ou "fatalidade" estão devidamente descartadas. Maldonado é assim, ponto. Um porra-louca de capacete e macacão.
Isto posto, eis a questão: há espaço para isso na F-1?
Há. Sempre teve. E a lista de malucos é extensa, com dois representantes especialmente aclamados pelos almanaques da categoria: Gilles e Mansell.
Não, Maldonado não é o mais inconsequente piloto da história.
O problema dele é ser tão diferente. Seu pecado é destoar de uma F-1 tão "coxinha" –para usar termo em voga atualmente.
Maldonado arrisca. Se dá errado, arrisca de novo. Se o carro já está desmanchando, aproveita para arriscar mais uma vez. Até o fim, literalmente.
Até acredito que seu estilo seria diferente se estivesse sentado numa Mercedes, largando sempre da primeira fila. Mas a realidade é outra. E o maior risco é dele mesmo. O zero ponto na tabela da temporada, após cinco etapas, comprova isso.
Arrojo e irresponsabilidade são conceitos separados por uma linha muito tênue.
(Arrojo, aliás, é como chamamos a irresponsabilidade quando ela dá certo.)
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Por coincidência, a despedida de Mansell da F-1 completou 20 anos nesta quinta-feira.
Gordo demais para o cokpit da McLaren, ele disputou dois GPs em 1995 e então resolveu se dedicar ao golfe.
Quem aqui não sente falta do "Leão"?