Parece distante o tempo em que o setor automotivo registrava vendas acima de 300 mil unidades por mês.
Em novembro, o número total de licenciamentos de carros novos estacionou em 195 mil veículos. A coisa tende a melhorar em dezembro, mas não há boas expectativas para o primeiro bimestre de 2016.
A cada nova projeção, lágrimas devem escorrer dos olhos de executivos que viveram o esplendor do mercado. Em agosto de 2012, a soma das vendas de veículos leves e pesados chegou a 420 mil unidades.
Os compradores corriam às concessionárias para aproveitar aquele que seria o último mês de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Os representantes das montadoras diziam que o benefício era fundamental para a sobrevivência do setor e pressionavam o governo por mais prazo.
Assim foi feito. No dia 29 daquele distante agosto, o ministro Guido Mantega anunciou que o abatimento no tributo seria prorrogado até o fim de outubro. E quando o novo prazo estava prestes a vencer, a presidente Dilma Rousseff anunciou que a medida valeria até o fim do ano.
Acabou? Ainda não. Em dezembro de 2012, houve nova prorrogação, agora de seis meses, com recomposição gradativa do imposto. Foi quase isso que aconteceu: a regra mudou novamente em abril de 2013, e as taxas permaneceriam reduzidas até dezembro. Só que não.
O IPI permaneceu abaixo dos patamares originais durante todo o ano de 2014, e só foi integralmente recomposto no início de 2015. O rombo nas contas públicas não permitia mais benesses do tipo. Além disso, o mercado já estava anestesiado e em queda livre.
Agora, uma simples redução de taxas não será suficiente para recuperar o setor. A solução do passado é um dos motivos da crise de agora, resultado de um planejamento pífio, de curto prazo. Com as isenções e prorrogações descoordenadas, o consumidor aprendeu a desconfiar sempre. Hoje, não confia mais.