Na história da evolução dos motores, existe uma árvore genealógica onde franceses, americanos, brasileiros, suecos e alemães têm um mesmo ancestral.
Tudo começou em 1947, quando a francesa Renault criou o motor Ventoux para o 4CV.
No Brasil, a americana Willys-Overland fabricava o Dauphine e o Gordini sob licença da Renault, usando essa mesma motorização.
O momento de maior glória do Ventoux foi quando equipou o Willys Interlagos, o primeiro veículo esportivo de série produzido no Brasil.
Em 1965, a Willys começou a desenvolver o sucessor do Gordini e fez, em parceria com a Renault, o "Projeto M".
Porém, antes do começo da fabricação, a Willys foi comprada pela Ford.
Com o projeto praticamente pronto, a Ford lançou o carro com o nome Corcel -na França, ele virou o Renault 12.
O motor não era exatamente o Ventoux, mas uma clara evolução dele: um bloco maior com o mesmo desenho, que quando equipou o Escort foi rebatizado de CHT.
Na época da Autolatina, esteve até na linha VW Gol. Lá fora foi chamado de motor Sierra ou Cléon, e em suas reencarnações, equipou o Renault 19, o Twingo e as primeiras versões do Clio, além do Volvo/Daf 66.
César Micheloni, 45, é entusiasta de carros equipados com esses motores. Ele próprio restaurou seu Willys Interlagos 1964. Aprendeu funilaria, mecânica, pintura e elétrica só para restaurar o carro. O projeto levou 10 anos para ser concluído. Sendo dentista protético, ainda fabricou peças de acabamento que não conseguia encontrar.
Seu primeiro carro antigo foi um Gordini III 1967 -que comprou no impulso, pois o fazia recordar do primeiro carro de seu irmão, Celso.
Hoje, César possui também um Corcel GT 1971 e está restaurando uma Belina I 1970 Luxo Especial e um Dauphine 1962. Todos eles equipados com filhos do mesmo motor Renault.