Folha de S. Paulo


A decisão

RIO DE JANEIRO - Em uma cidade que busca, com todas as suas forças, pacificar-se, o jogo de domingo no Engenhão, entre Vasco e Flamengo, é uma grande chance para que nós, torcedores cariocas, mostremos que estamos prontos para receber grandes eventos esportivos.

A rivalidade entre os dois clubes é antiga. As contendas entre seus torcedores, assustadoras. Quem já viu as clareiras que se abriam nas saudosas arquibancadas do Maracanã quando os rivais se esbarravam -ou quem, por azar, estava no meio da confusão-, sabe do que estou falando.

Com a implantação do Estatuto do Torcedor, que prevê punições para clubes e torcidas envolvidas em brigas ao redor dos estádios, as disputas se transferiram para bairros mais distantes.

Em maio, um confronto entre os dois grupos rivais no Barreto, bairro de Niterói, a quase 30 quilômetros do Engenhão, deixou um morto, cinco baleados e 102 detidos. Em agosto, novas desavenças exigiram a intervenção policial em estações de trem e de metrô. Dessa vez, por sorte, sem mortos ou feridos.

Às vésperas do clássico de domingo, em que se disputa, de um lado, o título de campeão brasileiro e, de outro, uma vaga na Libertadores, há tensão no ar.

Não dá para ser diferente. Mas a tensão deveria se restringir apenas ao que se disputa no gramado, e não atingir aqueles que se preparam para ir ao estádio.

Ir ao Engenhão em dia de Vasco e Flamengo é uma operação de guerra. As ruas estreitas, com poucas opções de estacionamento, tornam inviável ir de carro. De trem, em situações normais a melhor opção, corre-se o risco das batalhas nas estações.

Imaginem que exemplo daríamos com as duas torcidas desembarcando dos vagões sem enfrentamentos, duelando apenas com seus cânticos. Não custa sonhar.


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