Folha de S. Paulo


O fim de semana

RIO DE JANEIRO - Governadores, assim como profissionais de quaisquer outras categorias, têm direito a tirar uma folga para relaxar das tensões do dia a dia.
Mas se, como diz o ditado, quem não deve, não teme, soa incompreensível a blindagem que se tentou armar em torno da viagem do governador Sérgio Cabral para um fim de semana com amigos no sul da Bahia e que, infelizmente, terminou com um acidente de helicóptero que matou sete pessoas.
Na noite de sexta-feira, as primeiras informações davam conta que um dos filhos de Cabral, Marco Antônio, 20, estava no voo.
Não estava, informou a assessoria do governador por volta das 22h. A pessoa mais próxima da família Cabral no voo era a namorada de Marco Antônio.
Cabral estava no Rio de Janeiro e o governo do Estado desconhecia quem eram os outros passageiros.
Uma hora depois, a versão mudou. Cabral viajara para Porto Seguro, na Bahia, para acompanhar o resgate das vítimas.
Só na segunda-feira à noite, quando já se sabia que as vítimas do acidente -entre elas, a mulher e a cunhada de um empreiteiro, seu amigo, e responsável por várias obras no Estado- passariam um fim de semana com Cabral, o governo do Estado informou que:
1) Cabral viajara às 17h em um jatinho emprestado pelo empresário Eike Batista;
2) No voo estavam todas as vítimas do acidente, aquelas pessoas que, na sexta, eram desconhecidas.
Eike Batista tem razão quando, ao confirmar o empréstimo do jatinho, diz que faz tudo com dinheiro do seu bolso.
O governador Sérgio Cabral poderia explicar, com a mesma clareza, por que a demora em revelar que passaria um fim de semana com amigos, pegando carona no jatinho de outro amigo.


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