Folha de S. Paulo


Brutalidades

RIO DE JANEIRO - Há algum tempo só ando em táxis de cooperativas. Telefono, digo onde estou e para onde quero ir. Espero a ligação de volta, na qual me informam em quantos minutos o carro pedido chegará.
Abandonei aquele gesto de esticar a mão na rua, sinalizando para que um deles, vazio, pare para mim. Preocupação com minha segurança, sem dúvida. O Rio tem 32 mil táxis regularizados. A quantidade de piratas é inimaginável.
Cansei de ouvir histórias de pessoas que foram, de uma forma ou de outra, ameaçadas ou ludibriadas por taxistas.
A pergunta clássica para o início de uma tentativa de fraude é "qual caminho a senhora prefere?". Nos tempos em que fazia sinal na rua para táxis, sabia que, se titubeasse na resposta, com certeza percorreria o trajeto mais longo.
Há ainda os clássicos "o taxímetro está com defeito", "para lá só pagando a volta", "estou sem troco, dá para arredondar?".
Situações quase inocentes diante da história que ouvi outro dia de uma amiga psicóloga: uma de suas pacientes, atrasada para a consulta, pegou um táxi na rua. Foi assaltada pelo motorista, que ficou com sua carteira, relógio, celular...
Atordoada, ao ouvir do taxista um "agora pode descer", ela nem pensou em anotar a placa do carro.
Como diriam os antigos, pensei cá com meus botões: "por isso é que só uso táxis de cooperativas!"
Dois dias depois assisto, chocada, às imagens do taxista Kleber Luiz Oliveira Rosa sendo espancado por seus colegas de profissão no aeroporto Tom Jobim -aquele por onde chegarão nossos visitantes para a Copa e para as Olimpíadas.
Os agressores: cinco taxistas cadastrados nas duas cooperativas autorizadas pela Infraero para operar no aeroporto. O motivo: ele ousara pegar passageiros ali, área "privativa" dos concorrentes.
Vou usar mais meu carro.


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