Folha de S. Paulo


Mundo Econômico

PANORAMA MUNDO

O discurso da presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Janet Yellen, na semana passada gerou impacto positivo na maioria dos mercados, uma vez que mostrou otimismo quanto aos reflexos da política monetária acomodatícia e indicou continuar com as taxas de juros baixas mesmo depois do término dos estímulos (quantitative easing).

Os índices americanos Dow Jones e S&P 500 bateram novos recordes na sexta-feira, ajudados também pelo bom desempenho dos pedidos de auxílio-desemprego, que têm oscilado em níveis pré-crise nas últimas semanas.

No pregão de segunda-feira, apesar dos dados positivos do mercado imobiliário e da atividade econômica, medida pelo Fed de Chicago, as Bolsas americanas tiveram leve queda, mantendo-se quase estáveis.

No mercado europeu, o discurso do Fed também gerou pressão positiva nas Bolsas, mas a queda na confiança do consumidor e os índices gerente de compras (PMI, em inglês) de manufatura e serviços do continente pesaram mais e a maioria das Bolsas perdeu nas últimas negociações.

O destaque da semana foi a Bolsa do Japão, que fechou em seu maior nível em quatro meses. O impulso não foi dado pelo discurso de Yellen, mas sim pela confiança dos investidores em novas medidas de estímulos a serem divulgadas pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, nesta semana.

Abe já realizou mudanças estruturais no país, cortou impostos corporativos e de consumo, e ainda não se sabe qual será o próximo passo. De qualquer maneira, a expectativa favorável para a economia japonesa devido à política de Abe levou o índice Nikkei a ganhar 1,7% na semana.

Do mesmo modo, na China os sinais de efeito positivo da política econômica do governo começam a dar efeito. A prévia do PMI industrial de junho avançou para 50,8, maior marca em sete meses e acima das expectativas. Também foi a primeira vez que o indicador ficou acima dos 50, ou seja, passou a indicar expansão no setor industrial.

Economistas acreditam que o PMI e a retomada das vendas de imóveis sinalizem estabilização da economia chinesa, dando peso ao anúncio do premiê Li Keqiang, na semana passada, de que a meta de crescimento de 7,5% deve ser atingida em 2014.

De olho no futuro, os pedidos de bens duráveis e a última revisão do PIB americano do primeiro trimestre devem ser divulgados amanhã. Na quinta-feira, teremos as vendas do varejo japonês e na sexta o PIB do Reino Unido. Na próxima segunda, os destaques serão o PMI final da indústria chinesa e as vendas de casas dos EUA. O principal dado esperado é o gasto do consumidor americano.

PANORAMA BRASIL

A Bolsa brasileira mudou de sentido e atingiu seu maior nível do ano na quarta-feira. Desde então, passou a devolver os ganhos.

Somente na sexta-feira a queda foi de 1,02%, puxada pela má performance das ações de empresas brasileiras nos mercados internacionais, as ADRs. Ontem, as perdas foram menores devido ao PMI chinês, que ajudou empresas como a Vale.

No mercado de dólar, a semana foi pouco movimentada e a moeda terminou em alta de apenas 0,02%. Ontem, diante dos dados positivos da China, grande parte das moedas emergentes, principalmente as ligadas a commodities, se valorizou frente ao dólar. Não foi diferente no caso do real, e o dólar perdeu 0,57%, cotado a R$ 2,217.

Na quinta-feira, a FGV divulga o índice de confiança do consumidor e o IBGE, a taxa de desemprego do país. Na segunda-feira, a relação dívida-PIB será apresentada.

Texto em parceria com Gerson Sordi, graduando em economia pela EESP-FGV e consultor da Consultoria Junior de Economia (CJE-FGV) em nome da área de pesquisa da empresa


Endereço da página: