Folha de S. Paulo


Prudência no presente, prazer estendido

De um modo geral, sobretudo os mais jovens são muito imediatistas nas suas decisões e optam muito mais pelo prazer momentâneo do que por uma reflexão equilibrada, que leve em consideração também o futuro, inclusive como estão se preparando para chegar à velhice.

Em "O valor do amanhã", Eduardo Giannetti, doutor em economia, discute a questão das trocas intertemporais. Ou seja, ele aborda em sua obra a dialética entre aproveitar mais o presente (em detrimento do futuro) ou ter um maior grau de parcimônia e cautela nas decisões do momento e fazer reservas para usufruir também no futuro (quando se estiver mais velho). Cada consumidor faz as suas escolhas, logicamente.

Franco Modiglianni, Prêmio Nobel de Economia em 1985 (falecido em 2003), na Teoria do Ciclo de Vida, abordou um comportamento geral que mostra que nos primeiros anos de vida das pessoas os gastos em consumo superam a renda, até porque quando criança não se tem ganhos e se depende do sustento da renda dos pais.

Acontece que, à medida que o tempo passa, o indivíduo ingressa no mercado de trabalho, sua renda passa a ser suficiente e até pode ultrapassar os seus gastos em consumo. É especificamente neste momento que deve ser intensificado um processo de poupança e de aquisição de ativos, entre outros, que possam gerar uma renda futura.

Em seguida, quando os indivíduos ingressam na terceira ou melhor idade, a renda sofre uma queda e, para manter o padrão de consumo, além da aposentadoria, os mesmos passam a usar também as reservas feitas nos períodos de "vacas gordas", conforme observado na Figura 1 abaixo.

Flávia M. M. R. Agra

Partindo deste raciocínio, quanto mais cedo se começa a fazer uma reserva financeira, maior será o saldo acumulado. No caso das crianças, os pais podem fazer uma poupança mensal, por exemplo. Já os adultos devem separar parte da sua renda mensalmente para a poupança.

Suponha uma expectativa média de vida de 78 anos e uma reserva mensal de R$ 100, aplicada em algum título que renda 0,5% ao mês em termos reais (já descontada a inflação). O Quadro 1 e a Figura 2 ilustram o montante acumulado.

Fernando Agra e Samy Dana
Fernando Agra e Samy Dana

Portanto, pelo que se pode perceber, caro leitor, quanto mais cedo começamos a poupar, melhor. Entretanto, além da questão financeira discutida acima, como andam seus hábitos de vida? Você pensa mais no curto prazo ou também é precavido a longo prazo? Essa pergunta refere-se, além das questões financeiras, a outros hábitos necessários para se viver mais e melhor como alimentação saudável, prática de atividades físicas cotidianas, acompanhamento médico periódico, relacionamento interpessoal e busca de equilíbrio emocional para lidar com o estilo de vida mais estressado nos dias atuais.

Enfim, tão importante quanto as reservas financeiras são os hábitos que preservam a saúde física e emocional. Uma vez que de nada adianta ter uma conta "recheada" monetariamente e não poder aproveitá-la bem.

Post em parceria com o professor Fernando Antônio Agra Santos, doutor em economia aplicada (UFV), www.fernandoagra.webnode.com


Endereço da página: