Na música pop, os anos 1960 foram dos Beatles, mas a década de 1970 pertenceu a David Bowie. Nenhum artista fez um trabalho tão consistente e inovador quanto ele. Stevie Wonder teve um período de ouro entre 1972 e 1976, mas a versatilidade de Bowie é inigualável.
Ele começou a década de 1970 como um trovador folk à Bob Dylan e a terminou com experimentações eletrônicas de vanguarda. No caminho, inventou o "glam rock" com Ziggy Stardust (1972), prenunciou o punk com "Diamond Dogs" (1974) e inventou o "soul plástico" com "Young Americans" (1975), seu mergulho na música negra norte-americana.
Mick Rock/Taschen Gallery/Vice | ||
O Fotógrafo Mick Rock Relembra Quando Ziggy Stardust Conquistou o Universo |
Uma caixa de 12 CDs, "Five Years", lançada no fim do ano passado no exterior, compreende a produção de Bowie entre 1969 e 1973 e é absolutamente indispensável. Ela contém oito álbuns, alguns em versão dupla: "David Bowie/Space Oddity" (1969), "The Man Who Sold the World" (1970), "Hunky Dory" (1971), "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars" (1972), "Aladdin Sane" (1973), o disco de covers "Pin Ups" (1973), o ao vivo "Live Santa Monica '72" e a trilha sonora do filme-concerto "Ziggy Stardust".
Os álbuns capturam Bowie na fase que muitos consideram a mais transgressora e revolucionária de sua carreira. Foi quando ele confrontou o "hippismo" otimista da década de 1960, em que a juventude sonhava com paz, amor e o fim da guerra do Vietnã, e criou discos desesperançados e distópicos com embalagens futuristas e "espaciais", inspirados nos livros "Laranja Mecânica", de Anthony Burgess, e "1984", de George Orwell.
Sua maior criação foi Ziggy Stardust, o astro do rock e mensageiro extraterrestre que vem à Terra, na iminência da destruição do planeta, para trazer uma mensagem de paz e conforto aos terráqueos. A genialidade de Bowie foi fazer de Ziggy um rockstar com prazo de validade. Ao "matar" o personagem em um show em julho de 1973, Bowie levou a teatralidade na música pop ao extremo e, sem que o público percebesse, ironizou o culto a celebridades. Era como se ele dissesse: "Ziggy morreu, mas eu sou maior que ele. Esperem para ver o que me tornarei agora". Foi a primeira —de algumas– metamorfoses geniais que Bowie viveria nos 40 anos seguintes.
DISCOS
Five Years 1969-1973
QUANTO: (2015, 12 CDS, R$ 420 –IMPORTADO)
AUTOR: DAVID BOWIE
GRAVADORA: RHINO/PARLOPHONE
Conexões
LIVROS
O Homem que Vendeu o Mundo - David Bowie e os Anos 70
QUANTO: (572 PÁGS., R$ 38,50)
AUTOR: PETER DOGGETT
EDITORA: NOSSA CULTURAO inglês Peter Doggett destrincha, música a música, toda a produção de Bowie na década de 1970. Um dos melhores livros sobre música pop lançados nos últimos anos.
TRADUTOR: JOSÉ ROBERTO O'SHEA
Bowie
Biografia correta, mas sem grandes novidades ou análises profundas. Se você quiser conhecer a história da vida e da carreira de Bowie, é um bom ponto de partida.
AUTOR: MARC SPITZ
TRADUTOR: SANTIAGO NAZARIAN
EDITORA: BENVIRÁ
(2010, 448 págs., R$ 45,90)
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LIVRO
Magnéticos 90
Com o subtítulo "A geração do rock brasileiro lançada em fita cassete", o líder da banda Autoramas, Gabriel Thomaz, e o cartunista Daniel Juca contam a história do rock nacional dos anos 1990 em quadrinhos. O livro é um relato pessoal de Thomaz, que viveu intensamente o período e cita grupos como Little Quail and the Mad Birds, Second Come, Killing Chainsaw e muitos outros, além de nomes bem mais conhecidos, como Raimundos e Nação Zumbi. Divertido.
QUANTO: (2016, 224 PÁGS., R$49,90)
AUTOR: GABRIEL THOMAZ E DANIEL JUCA
EDITORA: EDIÇÕES IDEAL
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FILMES
Imagens do Inconsciente
Um dos documentários mais bonitos e lúdicos feitos no Brasil, "Imagens do Inconsciente", filmado entre 1983 e 1986, reúne três casos de pacientes da Dra. Nise da Silveira, a psiquiatra que usava a arte no tratamento de esquizofrenia e fundou o Museu de Imagens do Inconsciente.
QUANTO: (BRETZ, 1983/86, R$ 82)
AUTOR: LEON HIRSZMAN