Folha de S. Paulo


A vida sexual de Paula, 21

Minha amiga Marta andava preocupada com a vida sexual de sua filha universitária. Na segunda passada, ligou aliviada depois de ler um estudo da universidade San Diego State (Califórnia) recém-publicado na internet. "Até que Paula não é tão desajustada assim."

O adjetivo usado pela própria mãe sugere uma moça promíscua, pansexual, quem sabe sadomasoquista? Nada mais longe da verdade. A angústia da mãe é porque Paula, 21, nunca teve um parceiro.

A pesquisa dos psicólogos americanos mostra que esse é um fenômeno crescente entre os que nasceram a partir dos anos 1990. E acontece entre garotos e garotas, sejam eles mais ou menos escolarizados.

Encaixar filhos em grupos mais amplos tira um peso dos ombros -todo pai e mãe pode se identificar com isso. Mas talvez terminem aí as boas notícias do estudo, a julgar pelas hipóteses levantadas para entender as novas gerações.

A mais simples é que, para alguns garotos, se relacionar é "perda de tempo". Preferem jogar videogame, postar nas redes sociais ou rachar nos estudos das competitivas universidades americanas.

A segunda é um nó mais complicado. Tem a ver com a justa campanha "Não é Não", contra violência sexual. O cuidado foi aos poucos se transformando em "Sim é Sim", ou seja, cada avanço entre duas pessoas precisa ser clara e verbalmente consentido. Segurança máxima, erotismo zero.

A terceira é mais sutil -e talvez seja a mais perigosa. A geração dos "millennials" (os que têm hoje de 15 a 35 anos) foi superprotegida. Não brincou na rua, não pegou o ônibus errado, não viajou sozinha sem telefone no bolso.

Errou pouco e, por isso, tem muito medo de errar.

A tragédia é que a experiência e os erros são a mais eficiente forma de aprender, e isso não é apenas slogan vazio de consultores de motivação.

Pesquisadores de inteligência artificial deram um salto gigante quando conseguiram fazer máquinas que não precisam ser reprogramadas para entender o desconhecido.

A máquina erra, tenta algo, erra de novo, experimenta outra coisa, erra, erra, erra muito, em velocidade absurda, e com isso finalmente aprende.

Nossas crianças precisam errar, ou terão que deixar que as máquinas façam tudo, tudo mesmo, por eles.

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Sindicatos e empregadores fizeram 246 acordos para reduzir jornada e salários desde agosto de 2015. Negociaram diretamente, dispensando a tutela -e o dinheiro- oferecido pelo governo no PPE (Plano de Proteção ao Emprego).

Não fosse a gravidade da recessão e o horror do desemprego, seria o caso de comemorar este pequeno passo do setor privado (de ambos os lados) em direção à maturidade.


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