Folha de S. Paulo


Brasil tem 1.051 espécies animais ameaçadas, diz estudo do governo

Levantamento coordenado pelo governo identificou a existência de 1.051 espécies animais ameaçadas de extinção, em diferentes graus, entre as 7.647 espécies avaliadas por um grupo de 929 especialistas nacionais e estrangeiros.

Esse estudo, chamado Avaliação do Risco de Extinção da Fauna Brasileira, abarca o período entre 2010 e 2014, atualizando um levantamento anterior, feito em 2002. A avaliação de 2002 analisou 1.400 espécies, classificando 627 animais como ameaçados.

Desde a lista anterior, 77 espécies deixaram a classificação de ameaçado –entre eles, a baleia jubarte, o peixe grama e duas espécies de macaco uacari (que só existem na Amazônia), segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), que conduziu o levantamento.

Ainda em relação ao estudo anterior, 501 espécies entraram na lista dos animais ameaçados, 121 se mantiveram na lista mas pioraram o grau de ameaça (a exemplo do tatu-bola, o "fuleco" da Copa do Mundo) e 126 melhoraram o grau de ameaça (caso da arara-azul-de-lear).

Sem alteração nos últimos anos, segundo o instituto, a lista contempla 11 animais extintos, como a ararinha-azul, alvo de uma proposta de ser recolocada na natureza brasileira, a partir dos 80 animais ainda existentes no mundo.

Na avaliação do ICMBio, a comparação com a lista anterior é positiva, pois proporcionalmente há menos animais sob ameaça.

Esse levantamento científico servirá de base para a lista oficial dos animais em ameaça, a ser publicada pelo Ministério do Meio Ambiente provavelmente no segundo semestre do ano. É essa lista que determina proibições e restrições de uso e caça. Para a baleia jubarte, no entanto, a restrição de caça continua, pois há outras normas que proíbem a busca da baleia.

Estima-se que, em 1980, haviam apenas 500 indivíduos da espécie baleia jubarte; em 2012, a população saltou para 15 mil.

Segundo a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente), o levantamento apresentado nesta quinta-feira (22) é o mais amplo já feito no mundo. Pelos cálculos do ministério, 73% das espécies ameaçadas já estão sob algum tipo de proteção –unidades de conservação ou diferentes tipos de planos.

MEDIDAS

Após a divulgação dos dados sobre a fauna brasileira sob ameaça, a ministra apresentou novas medidas de sua pasta em defesa dos animais sob risco. Uma delas é uma portaria que determina a aplicação de até 10% da compensação ambiental federal em atividades de conservação de espécies ameaçadas de extinção de fauna e flora em unidades de conservação.

"Espero que, com isso, tenha prioridade para as questões das espécies ameaçadas de extinção", afirmou a ministra.

Outras medidas anunciadas pelo ministério foram a criação de uma força-tarefa de combate a ilícitos ambientais, com foco em animais como o peixe boi da Amazônia, o boto cor de rosa e a onça pintada; a oferta da Bolsa-Verde (de R$ 100) para desestimular famílias de áreas onde há animais sob risco a colaborarem com o tráfico; instruções normativas para proteger espécies de tubarão na caça do atum; a moratória de cinco anos da pesca do piracatinga (como forma de proteger o boto e o jacaré, usados como isca); um plano em favor do tatu-bola; e a determinação para que, em 60 dias, o ICMBio apresente a proposta de criação de duas unidades de conservação para espécies ameaçadas, como a onça-pintada e o tatu-bola.


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