Estudo mostra que o cérebro dos astronautas se transforma quando eles estão no espaço.
PESO DE ESTAR SEM PESO
Levar astronautas a Marte em duas décadas, como defende a Nasa, exigirá que compreendamos em detalhes o que ocorre com o organismo humano quando submetido a longos períodos sem a sensação de gravidade. Depois de mais de 50 anos de voo espacial, já conhecemos bem diversos desses efeitos.
INSUSTENTÁVEL LEVEZA
Sabemos que a ausência de peso faz com que os viajantes cósmicos sofram perda de massa muscular e óssea. Também há relatos de problemas oculares, possivelmente por conta do aumento da pressão no crânio quando ele é exposto a condições de microgravidade.
E O CÉREBRO?
Curiosamente, até hoje, ninguém estudou o que acontece num voo espacial ao mais importante dos órgãos humanos, o cérebro. Eu disse “até hoje”. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, acaba de fazer a primeira investigação a esse respeito, com resultados intrigantes.
VOOS CURTOS E LONGOS
Os pesquisadores usaram ressonâncias que a Nasa costuma fazer em seus astronautas, antes e depois de voos espaciais. Para a pesquisa, o grupo de Rachael Seidler selecionou os dados de 27 astronautas, dos quais 13 fizeram missões de até duas semanas nos ônibus espaciais e 14 passaram cerca de seis meses na Estação Espacial Internacional.
MENOS MASSA CINZENTA
O estudo mostrou mudanças significativas no cérebro e elas são mais acentuadas em quem passou mais tempo no espaço. O volume de massa cinzenta se reduz em vastas regiões do cérebro, conforme ele tem de lidar com a redistribuição de líquido por conta da ausência de peso.
MAIS MASSA CINZENTA
Há também áreas cerebrais em que há crescimento de massa cinzenta as responsáveis por processar os sentidos e coordenar os movimentos. Provavelmente isso é resultado do intenso processo de adaptação a que os astronautas estão sujeitos durante a microgravidade. Algum desses efeitos é preocupante e pode nos impedir de ir a Marte? Não dá para saber até que os entendamos com clareza. Esse foi só o primeiro passo.
A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.
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