Folha de S. Paulo


Homem relata encontro com saci no interior de São Paulo

O saci está presente no imaginário popular brasileiro há muitos anos. Em 2003 ele ganhou um dia só seu: 31 de outubro.

Pelas crianças, ele ficou mais conhecido depois de se tornar um dos personagens de Monteiro Lobato, no Sítio do Picapau Amarelo.

Foi por uma das obras desse escritor que José Oswaldo Guimarães, um dos fundadores e presidente da Associação Nacional dos Criadores de Saci, se interessou pelo garoto de uma perna só.

"O primeiro livro que li foi 'O Saci'. Ele me despertou curiosidade para o mundo da fantasia", disse. Além disso, a família dele sempre foi contadora de causos, hábito comum nas cidades interioranas: "Eu estava sempre interessado em ouvir histórias", completou.

Ele garante que já viu sacis, e o primeiro encontro, diz, foi em Botucatu (interior de SP). Ele e um grupo de amigos foram atrás de lendas de discos voadores, mas ele diz que acabaram encontrando um senhor que criava sacis.

"Eles têm, mais ou menos, 1 metro de altura, a pele escura, adoram pegar cachimbos que os caipiras deixam no sítio, andar a cavalo e mexer em ferramentas", afirmou.

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FESTA DO SACI PARAITINGA CELEBRA A CULTURA POPULAR *** FOTO EM ARTE E NÃO INDEXADA ***

Apesar de muito travessos e curiosos, eles não são perigosos, afirma Guimarães: "Pelo contrário, ouvimos histórias de pessoas que estavam se afogando e foram salvas ou que estavam perdidas na mata e foram guiadas por um menino de uma perna só", contou.

Segundo Guimarães, os sacis (machos e fêmeas) se comunicam por meio de assovios, costumam se alimentar de frutas e são encontrados principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Mas por que ninguém consegue tirar fotos ou filmar os sacis? "Não incentivamos esse tipo de registro, porque assim morre o imaginário. Parece que as pessoas compreendem nossa atitude", disse.

Fazem parte da Associação Nacional dos Criadores de Saci não só os protetores, que vão à mata e ajudam a protegê-la, mas também aqueles que contam histórias e reforçam o folclore brasileiro.

Outros personagens, como o curupira, por exemplo, fazem parte da cultura, mas não possuem um dia próprio. "Mas o saci se destaca porque é mais brincalhão, tem esse lado lúdico e as crianças acabam gostando mais dele", afirmou Guimarães.


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