Folha de S. Paulo


Aprovar reforma da Previdência não vai tirar voto de ninguém, diz Maia

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 05-09-2017, 16h00: O presidente da república em exercício, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao lado do governador do RJ, chora ao assinar o acordo de socorro financeiro ao estado do Rio de Janeiro, no Palácio do Planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
Rodrigo Maia chora durante evento para assinar acordo com o Rio

Ciente de que os deputados não querem discutir medidas impopulares às vésperas de ano eleitoral, o presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta terça-feira (5) que a aprovação da reforma da Previdência "não vai tirar voto de ninguém".

Em defesa de uma das principais bandeiras do governo —desaprovada por 71% da população, segundo o Datafolha—, Maia afirmou que as mudanças na aposentadoria, "se bem explicadas para a sociedade", resultarão em um bom impacto na economia do ano que vem e, consequentemente, vão trazer "ganhos políticos para todos nós".

"O meu medo é que a gente não consiga fazer isso este ano, e aí, no ano que vem, há perda de confiança dos investidores se não avançarmos nessas reformas", disse Maia após cerimônia no Palácio do Planalto em que homologou o acordo de recuperação fiscal do Rio.

O presidente da Câmara reconheceu que hoje o governo de Michel Temer não tem votos para aprovar a reforma da Previdência mas disse que, mesmo em meio à crise política, é preciso "convencer os deputados" a discutir o tema.

A expectativa no Planalto é a de que as suspeitas que foram levantadas pela própria PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre o acordo de delação da JBS, que implica diretamente o presidente, deram fôlego político ao discurso de Temer para barrar uma possível segunda denúncia contra ele.

Vencida essa etapa, os auxiliares de Temer focarão os esforços na aprovação da reforma que, mesmo antes da delação, tinha dificuldade para avançar no Congresso.

Maia reconheceu que, para fechar acordo com os deputados, o governo já perdeu "de 25% a 30% do ajuste" que conseguiria com a proposta original e que é preciso tratar do texto que está agora na Câmara.

"É ruim começar a conversa já entregando o paletó, daqui a pouco a gente vai ficar só de bermuda e não resolve o problema", disse o deputado, sem descartar, porém, que caso não haja acordo, o governo pode ceder ainda mais. "Se lá na frente algo acontecer, se não tiver voto para [aprovar] o texto, vamos trabalhar outro texto", completou.


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