Folha de S. Paulo


Área de milho diminui, mas estoque é elevado

Mauro Zafalon/Follhapress
Sertaneja/PR: Milho sai de colheitadeira para carroceria de caminhao em lavoura no norte do Paraná. Foto Mauro Zafalon/Follhapress) ***MERCADO VAI VEM***
Milho sai de colheitadeira para carroceria de caminhão em lavoura no norte do Paraná

A área de milho cultivada no verão deverá recuar mais uma vez neste ano. Com isso, a tradicional safra de verão, a principal do país até 2012, passa a representar muito pouco do volume nacional produzido.

Há duas décadas, a área de milho usada no período de inverno —a chamada safrinha— representava apenas 19% da de verão. Na próxima safra, essa área deverá superar em 120% a de verão.

Desde que Mato Grosso adotou a cultura de milho, a produção nacional disparou e já beira os 100 milhões de toneladas. O problema é que o país não se preparou muito bem para tanta produção.

As exportações ficam limitadas pelo câmbio, que dá ou retira competitividade ao produto. Uma esperança é a produção de etanol, principalmente em Mato Grosso.

Os dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam que a soma do estoque vindo da safra passada e da produção deste ano atinge 106 milhões de toneladas, para um consumo interno de 56 milhões.

Mesmo com os 28 milhões de toneladas que deverão ser exportados, a sobra de milho no fim da safra 2016/17 deverá somar 21,6 milhões, um volume até então não visto pelo setor.

Esse quadro leva boa parte dos produtores do cereal do céu para o inferno. Após um 2016 com preços recordes, os produtores de algumas regiões, como a de Mato Grosso, têm o produto cotado a apenas R$ 11,80 por saca.

Os números da Conab mostram dois detalhes: os estoques de passagem de 2016 para 2017 e o volume a ser exportado nesta safra.

ESCASSEZ

O ano passado foi um período de escassez de milho, devido à quebra de safra, e de preços elevados. Mesmo assim, a Conab aponta um estoque de passagem de 8 milhões de toneladas, ou seja, muitos produtores deixaram de vender e agora encontram um mercado adverso.

Se esse estoque estava nas mãos de empresas, estas pagaram caro em relação aos preços baixos deste ano.

Com relação às exportações, o mercado trabalha com números mais elevados do que os 28 milhões de toneladas da Conab. Daniele Siqueira, da AgRural, acredita que as vendas externas atinjam 33 milhões de toneladas.

Mesmo assim, os estoques de passagem de 2017 para 2018 seriam superiores a 15 milhões de toneladas. Nesse contexto, será difícil haver recuperação consistente dos preços, acredita a analista.

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Lucrativo - O algodão está sendo uma das commodities mais lucrativas para os produtores. Não só os preços internacionais permitem uma boa margem como o volume produzido foi bom.

Rendimentos - Arlindo Moura, diretor-presidente da Terra Santa e presidente da Abrapa (associação dos produtores), diz que pelo menos 70% da rentabilidade do grupo que administra virá do algodão na próxima safra.

Frango - As exportações de carne de frango deste ano, embora tenham sido menores do que as de janeiro a agosto do ano passado em volume, renderam mais do que as de igual período do ano passado em dólares.

Frango 2 - A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) apurou que o volume exportado somou 2,9 milhões de toneladas neste ano, 2% menos do que em 2016. Já as receitas subiram para US$ 4,9 bilhões, 6% mais.

Leite - A queda de renda do consumidor continua afetando os preços do produto pagos aos produtores.

Recuo - A pesquisa mensal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) registrou o valor líquido de R$ 1,555 por litro no mês passado, 23% inferior ao de agosto do ano passado. Em relação a julho deste ano, a queda foi de 6%.

Exportações - As vendas externas de etanol somaram 177 milhões de litros no mês passado, 5% mais do que em agosto de 2016. As receitas atingiram US$ 90 milhões, com alta de 2%, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior.

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Preço do etanol recua e não remunera custo

O preço do etanol líquido de impostos atingiu patamar inferior ao da safra passada e não remunera os custos de produção, segundo Júlio Borges, da JOB Consultoria.

Isso ocorre depois da nova política de equivalência da Petrobras e obriga o produtor a buscar custos mínimos de produção e de distribuição.


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