Folha de S. Paulo


Para especialista, mudança nas regras de adoção pede mais debate

As mudanças nas regras de adoção para crianças e adolescentes do país proposta em um anteprojeto de lei apresentado pelo Ministério da Justiça, atualmente em consulta pública, deve ser mais debatido, inclusive em audiências públicas. É isso o que defende a especialista Dayse Bernardi, do comitê gestor do Neca (associação de estudos sobre crianças e adolescentes) e membro do Comitê Nacional Pró-Convivência Familiar e Comunitária.

Em debate na "TV Folha", Bernardi questionou alguns pontos da proposta, como o trâmite de 90 dias para o estágio de convivência entre os pretendentes e a criança seguidos de 12o dias para a conclusão da adoção. Hoje, este processo pode levar anos.

Para ela, no entanto, a discussão teria de ser ampliada para que se observasse os vários ângulos da questão. "Essas crianças, em geral, vêm machucadas, feridas, e têm experiências que precisam ser elaboradas. Não dá pra você fixar um tempo como se todas as crianças precisassem se encaixar nele", avalia. "A criação de vínculos com essas crianças não se mede em dias, mas na qualidade na relação que se estabelece."

De cerca de 36 mil crianças abrigadas, apenas cerca de 7 mil delas estão disponíveis para a adoção, segundo o Cadastro Único de Adoção.

Participaram da mesa o editor de Mídias Sociais da folha, Ygor Salles, pai adotivo de Paloma, 2, e Natália Cancian, repórter da Folha em Brasília.


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