Folha de S. Paulo


Em cartaz, Fagundes e filho criticam 'ruídos' causados pela Lei Rouanet

"Com ou sem patrocínio, está muito difícil para todo mundo fazer teatro. Os custos subiram muito."

Mesmo sendo parte de um seleto grupo de artistas "globais", Antonio Fagundes parece sentir os efeitos da situação econômica do país. A frase acima, do ator, explicita isso e mostra que a enorme vitrine proporcionada pelas novelas das 21h não garante o sucesso de bilheteria a atores que tentam se manter simultaneamente no teatro.

Fagundes está em cartaz no teatro Tuca, em São Paulo, ao lado do filho caçula, Bruno. Eles contracenam na peça "Vermelho".

Sob direção de Jorge Takla e texto de Joahn Logan --roteirista e dramaturgo que tem no currículo filmes como "007: Skyfall"-- eles retomam a trajetória do pintor norte-americano Mark Rothko.

Em entrevista ao vivo na "TV Folha" às repórteres Mariana Agunzi e Luiza Wolf, pai e filho explicam o "baixo custo" da peça. Na produção, a opção foi a de não captar recursos pela Lei Rouanet.

"Se há a possibilidade de já ter um dinheiro, você às vezes não se preocupa tanto com o que o público quer assistir", diz Bruno, ao valorizar a opção de depender exclusivamente da renda de bilheteria.

Para Fagundes, as leis de incentivo no Brasil criaram "ruídos" na relação com a plateia.

"Você fica em cartaz, faz sucesso e, às vezes, a peça não era boa. Você mesmo perde a medida do que está fazendo, o público perde a medida do que realmente é bom para ele", afirma.

Na montagem, Fagundes é o pintor americano Mark Rothko (1903-1970), e Bruno interpreta Ken, seu jovem ajudante. As cenas se limitam aos dois personagens, que dialogam sobre a arte e a morte (Rothko deu fim à própria vida cortando os pulsos).

Os dois atores pintam uma tela no palco. A obra é leiloada ao fim do espetáculo junto a dois ingressos para outra sessão.

Nesta temporada também é possível adquirir um passe para conhecer o camarim e os bastidores da peça.


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