Folha de S. Paulo


Temer deixa papel de conciliador e passa a contrariar interesses; veja

A defesa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) entrou com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira pedindo a anulação da sessão em que o Senado decidiu pelo seu impedimento e a realização de um novo julgamento.

Os advogados de Dilma protocolaram um mandado de segurança, que está sob a relatoria do ministro Teori Zavascki, para pleitear uma decisão liminar (provisória).

A defesa quer que o Supremo declare nulos artigos de uma lei que embasaram a acusação de que ele teria cometido crime de responsabilidade, motivo pelo qual ela foi afastada em definitivo.

Para o editor de "Poder", Fábio Zanini, dificilmente o Supremo anulará uma sessão que foi presidida pelo presidente do próprio Supremo. "O pedido faz parte da narrativa do PT de sair como vítima", afirma.

De Brasília, o colunista Valdo Cruz destaca que o presidente Michel Temer sai da fase de "conciliador de interesses e passa para a fase de contrariar interesses".

O senador Álvaro Dias (PV-PR) recorreu ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra o procedimento adotado pelo ministro da Corte, Ricardo Lewandowski, que presidia o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff. Uma interpretação do magistrado permitiu que as penas às quais a petista estava exposta fossem avaliadas separadamente.

O senador do PV foi o primeiro a formalizar uma queixa ao Supremo sobre o resultado da votação. O PSDB, que havia desistido de questionar judicialmente o resultado, voltou atrás, mas ainda estuda qual instrumento legal vai usar no recurso.

Do Rio, o colunista Bernardo Mello Franco diz que o assunto deve tomar conta do noticiário político do país nos próximos dias, uma vez que Temer está viajando para a China, em seu primeiro compromisso externo após ser efetivado no cargo. Ele deverá desembarcar em Xangai, na manhã desta sexta-feira (2), ainda noite desta quinta (1ª) no Brasil, e participar de seminário com empresários brasileiros e chineses.

O governo pretende assinar cerca de dez contratos na ocasião, entre investimentos, comércio e cooperação. A maior parte dos contratos deve ser em investimentos, que, nas contas do Planalto, podem superar R$ 10 bilhões.


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