Folha de S. Paulo


Impeachment traz 'efeito didático' a futuros governantes; veja debate

A aprovação do impeachment no plenário do Senado "vai gerar um efeito didático para os próximos governantes". Essa é a avaliação de Vinicius Mota, secretário de redação da Folha, em transmissão que contou com a participação do editor de "Mercado", Ricardo Balthazar, da colunista Mônica Bergamo e da editora do "Painel", Natuza Nery. A mesa foi comandada pelo repórter especial Fernando Canzian.

"O que fica é o fato de um presidente ser deposto por fraudes sistemáticas, deliberadas, contundentes aos princípios de condução do orçamento, que é a principal peça da democracia em qualquer constituição política", diz Mota, que avalia isso como algo importante por alertar os próximos governantes sobre o uso de suas atribuições.

Após a votação no Senado nesta quarta-feira (31), Michel Temer (PMDB) foi empossado de maneira definitiva como presidente da República para cumprir o mandato até o final de 2018.

Durante reunião ministerial no Palácio do Planalto, o presidente adotou um tom duro e disse que não aceitará mais ser chamado de golpista no seu primeiro discurso como presidente definitivo.

Para Mônica, o fato de Temer absorver o discurso de golpe para se defender mostra que o governo não está começando tão seguro. "Se fosse algo que não tivesse importância, seria desprezado".

Balthazar segue a linha da colunista ao dizer que o presidente pareceu estar na defensiva e que cobrou muita fidelidade dos aliados. "Acho que é um sinal do incômodo que ele teve da divisão que mostraram hoje durante a votação, [...] e o incômodo com a ideia de que vai ser chamado de golpista na rua".

Na reunião ministerial, Temer afirmou que divisões no Congresso Nacional de partidos que compõem o governo federal são "inadmissíveis" e "não serão toleradas".

O discurso incisivo foi um recado aos senadores da base aliada que votaram a favor de Dilma Rousseff manter a habilitação para ocupar funções públicas, entre eles o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Já sobre Dilma, Natuza lembra que ela "se pintou para a guerra e disse que vai voltar", mesmo sem saber como.


Endereço da página:

Links no texto: