Folha de S. Paulo


"Ainda sou injustiçada todos os dias", diz inocentada da morte da filha

No dia 26 de outubro de 2006, a vida de Daniele Toledo, à época com 21 anos, mudou de forma irreversível. Apontada injustamente pela morte da filha, presa e espancada, entrou em coma, perdeu a visão de um olho e parte da audição.

De acordo com a polícia, ela teria colocado cocaína na mamadeira de sua filha Victoria, que tinha 1 ano, e provocado uma overdose. Em dezembro daquele ano, exames provaram que a substância branca encontrada diluída no leite da menina não era cocaína.

"Fiquei presa por 37 dias. Quando saí da penitenciária, fui direto para o cemitério ver o túmulo da minha filha. Os laudos comprovaram que as substâncias encontradas no corpo da minha filha eram dos medicamentos que ela tomava. O processo de homicídio só foi encerrado em 2008, quando fui inocentada."

Quase dez anos depois, ela reconta sua história no livro "Tristeza em Pó" (ed. nVersos).

Daniele está processando o Estado. Ela vive com a ajuda de uma pensão de um salário mínimo e faz tratamento das sequelas do espancamento no SUS. Pede indenização e lamenta o Estado recorrer de todas as decisões. "Ainda sou injustiçada todos os dias", diz.

No pulso esquerdo, por meio de uma tatuagem, Daniele carrega a lembrança da menina: "Para a Totóia minha magrelinha, meu chicletinho, por toda a eternidade".


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