Folha de S. Paulo


'Parece que falamos grego', diz ativista ao debater cultura do estupro

"Parece que estamos falando grego."

A afirmação é de Jacira Viera de Melo antes de a explicar o que se enquadra na "cultura do estupro".

Jacira, que é diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, organização não-governamental que atua em projetos de defesa dos direitos da mulher, dividiu a bancada da "TV Folha" nesta quarta-feira (1º) com Denise Motta Dau, secretária de Políticas para as Mulheres de São Paulo.

Ao tentar traduzir o "grego", Jacira explica que a cultura do estupro "é a cultura da total permissão aos homens", fato que precisa de reflexão e uma consequente mudança de comportamento.

O debate, que acontece na esteira do caso da adolescente de 16 anos vítima de estupro na zona oeste do Rio, foi mediado pela colunista Cláudia Collucci.

Para Denise, enquanto a sociedade não mudar, dificilmente o Estado dará conta de combater a violência contra as mulheres. Ao desejar mudanças, a secretária se refere à cultura histórica das mulheres serem vistas como " seres inferiores".

Apesar de menos intolerante e mais atenta ao tema, a sociedade, segundo a secretária municipal, segue com o costume de culpar a vítima pelo crime.

"Muitos naturalizam o estupro quando perguntam com qual roupa a mulher estava na ocasião em vez de questionar quem é o agressor", afirma Jacira, que defende um debate aberto entre família e sociedade, mas vê na atual composição do Congresso um retrocesso na possibilidade de diálogos sobre o tema.


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