A chamada "lua de mel" dos investidores do mercado de capitais com o presidente em exercício Michel Temer deverá ser bastante curta. O motivo são os problemas urgentes, a fraqueza da economia e as dificuldades políticas que esperar o novo governo. A avaliação é compartilhada pelos estrategistas Paulo Gomes, da Azimut Weath Management, e Celson Placido, da XP Investimentos, que participaram de debate nesta segunda (16) na "TV Folha".
Para Placido, até o afastamento da presidente Dilma Rousseff, os investidores faziam uma análise binária sobre a aprovação ou não do impeachment. Agora, mesmo com o afastamento temporário da presidente, a atenção passou para a agenda de reformas e as dificuldades políticas e práticas de implementação. "É uma análise mais complexa", disse.
Na visão de Gomes, apesar das dificuldades previstas, o governo Temer tem chances efetivas de conseguir avanços nessa agenda devido à gravidade da situação do país. "É a maior crise econômica da história. Esses momentos permitem discutir de fato medidas impopulares como idade mínima da aposentadoria", disse.
No debate, ambos disseram que ficaram decepcionados com as mais recentes expectativas do mercado para a economia em 2017.
No boletim Focus, que compila as previsões do conjunto de economistas, desta segunda a expectativa média é de crescimento de apenas 0,5% em 2017. Na semana passada, várias consultorias e analistas chegaram a prever uma expansão entre 1% e 2% que não refletiram na pesquisa divulgada nesta segunda. Uma das hipóteses é que parte dos analistas ainda não refizeram suas projeções após o afastamento da presidente.