Folha de S. Paulo


Mundurucus querem evitar construção de hidrelétrica no rio Tapajós

Num barranco do rio Tapajós, a menos de 30 km de onde será construída a usina hidrelétrica de São Luís, o "capitão" Juarez Munduruku, da aldeia Sawré Muybu, ajeita os colares de contas atravessados no peito. Começa a discursar: "Bom dia a todos e todas".

Está rodeado de outros mundurucus, nome dado pelos antigos inimigos parintintins e que significa "formigas de fogo". Há alguns "pariwat" (brancos), reunidos para a fixação de mais uma placa delimitadora da terra indígena que leva o nome da aldeia.

"Sauê!", gritam todos e todas em volta, na saudação tradicional. Ainda não oficializados pela União, os 1.780 km² da Sawré Muybu -quase 20% maior que o município de São Paulo- são habitados por 132 indígenas.

Fornecida pela ONG Greenpeace, a placa imita as que o governo federal usa para demarcar terras indígenas homologadas, mas não tem o logotipo da Funai. Na árvore ao lado, uma tábua mais simples colocada há dois anos pede respeito à "terra-mãe".

O bom guerreiro se distingue pela escolha das armas e pela destreza em seu uso. O líder Juarez faz jus à fama militar dos mundurucus e recorre ao que os brancos gostam de ouvir: "todos e todas". Afinal a guerra, agora, é de palavras, como gostam de dizer.

"Se for acontecer mesmo [a usina], vamos invadir. Todo o mundo já se comprometeu", havia dito Juarez um dia antes, num barracão erguido pela ONG na aldeia. "Vamos botar 500 guerreiros lá."

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