Folha de S. Paulo


Capital do Extremo Oriente russo está mais para sushi que para borsch

Igor Gielow/Folhapress
Turismo nas regioes de Vladivostok e Kamchatka, no extremo leste da Russia Cred: Igor Gielow / Folhapress
Vista da avenida Okeanski, com praça e estátua homenageando a revolução ao fundo

Cosmopolita e com ar francamente oriental, Vladivostok é diferente de quase todos os estereótipos associados ao turismo na Rússia.

Graças à sua posição geográfica, espremida entre o colosso chinês, a península coreana e as ilhas japonesas, a capital do Extremo Oriente russo é uma cidade em que sushi e bibimbap são mais comuns do que o borsch (sopa de beterraba).

Os carros são japoneses e coreanos, singrando ladeiras à la São Francisco, no primeiro caso com a particularidade de ter a mão esquerda em um país que dirige à direita.

Blocos habitacionais stalinistas não são prevalentes, e os serviços tendem mais à eficiência oriental do que à média ex-soviética. Os melhores pontos para apreender o espírito da cidade são o centro antigo e as esplanadas à beira-mar, com bares, quiosques e, quando o tempo permite, locais buscando um canto de praia para chamar de seu.

Não se anime: o padrão das praias é baixo, e a água, congelante até no verão. O cenário, emoldurando as faixas de areia e os calçadões, é belo.

Na região central, a história se faz presente. Cidade militarizada por ser a sede da Frota do Pacífico russa desde os tempos dos czares, foi fechada no período soviético (1922-1991). Assim, um rico acervo de construções neobarrocas e neoclássicas do fim do período imperial ficou relativamente intocado.

Famoso como ponto final da maior ferrovia do mundo, a Transiberiana, o terminal de trem de 1891 foi reformado em 1912 para incorporar elementos barrocos do ponto de partida moscovita, a estação Iaroslavsk.

Uma exceção notável é o prédio da administração da província local, monstro socialista encravado junto à praça principal desde 1983. Ali, na praça Bortsov Revolutsi, fica o monumento à vitória das forças vermelhas na guerra civil russa (1917-22).

A cidade foi a última da antiga Rússia a se render aos comunistas, que expulsaram de lá guarnições estrangeiras aliadas a monarquistas fiéis ao regime morto na revolução, que completa seu primeiro centenário neste ano.

Seguindo a rua da praça à esquerda para quem olha o mar chega-se ao GUM, mais antigo shopping (1884), em estilo art nouveau germânico.

Adiante, uma das atrações desta grande base militar que é Vladivostok: o submarino soviético S-56, da Segunda Guerra, restaurado, que pode ser visitado por dentro.

Se fizer o passeio perto do meio-dia, ainda poderá ver uma pequena guarnição de marinheiros russos disparar o canhão cerimonial sob o hino do país, e dar uma olhada no poderoso cruzador Variag, caso não esteja em missão.

Outro passeio para o aficionado em assuntos militares é a ilha Russki, centro de testes da Marinha russa desde o século 19 e inacessível até 2012, quando a maior ponte estaiada do mundo a ligou ao continente -e um campus foi instalado no local que recebeu a cúpula dos países da Ásia e do Pacífico.

A integração não é exatamente bem-sucedida, para desespero do governo de Vladimir Putin, que aplicou dezenas de bilhões de dólares nas obras. Mas é possível assim visitar baterias centenárias de canhões, que buscavam conter as ameaças japonesas logo ali no horizonte.

À noite, há quantidade razoável de bares e clubes, como toda cidade portuária digna do nome deveria ter.

Aqui Vladivostok é mais russa. Há armadilhas com prostitutas à vista, taxas ocultas e leões de chácara saídos de filmes de terror. Ainda assim, clássicos navais como o Stari Kapitan ("velho capitão", junto a um calçadão, Leitenanta Schmidta, 17A) garantem a diversão com ares mais heterodoxos.

Os mais interessantes pontos ficam em torno da rua para pedestres Almirante Fokina, como o Moonshine (rua Svetlanskaia, 1), melhor lugar para drinques. Um ótimo gim-tônica vale R$ 15.

Fora dali, o misto de restaurante hipster e bar de balada Moloko&Med ("leite e mel", poeticamente, na rua Suhanova, 6) oferece qualidade, preços europeus e, perto, a vista do mirante -que se desenrola na baía do Corno de Ouro, homenagem topográfica à homônima em Istambul.

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PACOTES
(sem aéreo)

US$ 1.013 (R$ 3.350)
Valor por pessoa, para 6 noites, em quarto duplo, nos hotéis Radisson Slavianskaya (Moscou) e Novotel Centre (São Petersburgo). Com café da manhã, passeios, traslados e trem (Moscou a São Petersburgo). Na Top Brasil Turismo: topbrasiltur.com.br / (11) 5576-6300

US$ 2.224 (R$ 7.350)
Valor por pessoa, para 9 noites, em quarto duplo, nos hotéis Novotel St. Petersburg (São Petersburgo), Marriott Tverskaya (Moscou), Pushkarskaya Sloboda (Suzdal) e Park Inn (Iaroslavsk). Com café da manhã, traslados e passeios. Na Trade Tours: tradetours.com.br / (11) 3257 9788

US$ 3.385 (R$ 11.193)
Valor por pessoa, para 11 noites, em quarto duplo, no Novotel St. Petersburg Centre (São Petersburgo), Tver Hotel (Tver), Sloboda (Suzdal), Marriot (Moscou) e Versailles (Vladivostok). Café da manhã, traslados e voo (Moscou a Vladivostok). Na Tereza Ferrari Viagens: www.terezaferrariviagens.com.br / (11) 3021.1699

US$ 9.270 (R$ 30.653)
Valor por pessoa, para 12 noites no navio Silver Explorer (cabine dupla). Pensão completa. Na Teresa Perez Tours: teresaperez.com.br / (11) 3799-4000

€ 3.530 (R$ 13.080)
Valor por pessoa, para 6 noites, em quarto duplo, no Four Seasons (Moscou) e Four Seasons Lion Palace (São Petersburgo). Café da manhã, trem (Moscou a São Petersburgo), ingressos em passeios e guia (português ou espanhol). Na Interpoint Viagens & Turismo: www.interpoint.com.br / (11) 3087-9400

€ 6.348 (R$ 23.523)
Valor por pessoa, para 12 noites no Transiberiano, uma noite no hotel Baltchug Kempinski (Moscou) e outra no Hyundai Hotel (Vladivostok). Pensão completa, passeios, guia (português ou espanhol). Sem aéreo. Na CVC: www.cvc.com.br / (11) 3003-9282

€ 12.900 (R$ 47.800)
Valor por pessoa, em quarto duplo, para uma noite no Ritz Carlton (Moscou), 12 noites no Expresso Transiberiano, e outra no Hyundai (Vladivostok). Café da manhã nos hotéis, refeições no trem, passeios e guia (inglês). Na Stella Barros Turismo: stellabarros.com.br / (11) 2166-2150

Agências locais
travelkamchatka.com
volcanoesland.com

Moeda russa
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