Folha de S. Paulo


Dólar alto faz destinos pelo Brasil ficarem mais atraentes

Agências e operadoras de turismo têm feito promoções para tornar os destinos nacionais mais atrativos ao consumidor e manter o mercado de viagem aquecido.

Quando o setor dava sinais de retomada, a crise política e a consequente alta do dólar fizeram brasileiros repensarem seus planos para férias de julho e dos próximos meses. A avaliação do setor é que, quanto maior a instabilidade, mais a decisão de compra fica para a última hora.

"O consumidor está mais consciente, prefere esperar receber o dinheiro das férias a se endividar em uma época instável –metade das pessoas que viajam em julho ainda não adquiriu seus pacotes", diz Valter Patriani, vice-presidente de produtos, vendas e marketing da CVC.

Para o presidente da Agaxtur, Aldo Leone Filho, a variação da moeda americana leva a uma maior procura por destinos no Brasil –interesse, segundo ele, que já vinha aumentando em razão da crise econômica nos últimos anos. "De olho nesse público crescente, já havíamos renegociado preços com os grandes fornecedores, tanto hotel como aéreo, para oferecer preços vantajosos nas férias de julho".

A empresa oferece, por exemplo, 15% de desconto na hospedagem por sete noites em um resort na Praia do Forte, na Bahia.

O valor individual para acomodação em quarto duplo caiu de R$ 4.309 para R$ 3.721. Já para resort em Porto de Galinhas a oferta é uma noite grátis na compra de seis diárias –o pacote de R$ 4.631 sai por R$ 4.000 por pessoa.

TUDO INCLUSO

A estratégia para estimular a viagem em família é explorar os pacotes em resorts, com serviços de refeição e entretenimento inclusos, com a vantagem de parcelamento. "As agências trabalham bem os resorts, que é uma viagem que costuma ficar dentro do orçamento", afirma Edmar Bull, presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens).

Na CVC, maior operadora de turismo da América Latina, qualquer pacote para Nordeste tem um desconto de R$ 500 e há opções em que crianças até 12 anos não pagam. "Nas férias de julho, fazemos tudo para favorecer a família. Ofertas animam o consumidor", diz Patriani.

A companhia aérea Latam, que nos primeiros três meses deste ano teve uma oferta de voos entre Brasil e Estados Unidos 26% menor do que o mesmo período de 2016, também foca no mercado interno como alternativa ao exterior.

De acordo com a empresa, para oferecer preços mais acessíveis em voos nacionais está flexibilizando ao passageiro escolher os serviços que quer utilizar, como despacho de mala, marcação de ponto e acúmulo de pontos.

A VEZ DA EUROPA

Com o câmbio do dólar se aproximando ao do euro, a Europa –antes evitada por ser mais cara– passou ser opção para brasileiros. Portugal e Espanha têm sido os principais destinos.

Assim como nos destinos nacionais, agências e operadoras estão investindo em pacotes para o exterior, que incluem não apenas aéreo e hospedagem mas também entrada para shows, teatro, parques e até restaurante.

"Procuramos orientar as pessoas a comprar o maior número de produtos no Brasil, que podem ser pago em real, sem mudança de câmbio e parcelados em até dez vezes", diz Magda Nassar, presidente da Braztoa (Associação Brasileira de Operadoras de Turismo).

A CVC oferece 25% de desconto para a segunda pessoa em pacotes para Europa e segundo bilhete grátis em viagens para os Estados Unidos.

Agentes de viagem também entram em ação para ajudar a fazer o pacote caber no bolso do viajante. Reduzir dias de estadia, ficar em hotel em uma categoria inferior e mudar datas de voos são alternativas para quem não deixar de ir ao exterior.

Esse é o caso da supervisora Monnai Gianna Macedo Costa Scarasseto, 30, que embarcará para Paris, na França, em agosto, com o marido e a filha de um ano. O planejamento inicial da família era ficar sete dias na cidade, mas diminuíram para quatro.

"Não vamos deixar de viajar, mas estamos revendo a hospedagem e pesquisando de opções de passeios gratuitos", diz Scarasseto.


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