Folha de S. Paulo


Hotéis investem em 'experiências' para turista se sentir local

Divulgação
Downton Abbey
Castelo de 'Downton Abbey' (Inglaterra), aberto para visita

No setor de hospitalidade, "turista" se tornou palavrão. O termo preferido? Local. Viajantes podem agora contratar, via hotéis e agências de viagem, experiências organizadas por moradores locais.

Os mais recentes adeptos da tendência são a Marriott International, que adquiriu participação acionária na PlacePass, uma agência on-line de excursões e atividades, e a Royal Caribbean Cruises, que acaba de lançar a GoBe, para vender excursões e atividades em terra, na internet e por aplicativo.

As experiências em oferta podem variar muito, do grandioso ao surpreendente.

Na PlacePass, os hóspedes podem marcar uma excursão privativa às locações da prestigiada série inglesa de época "Downton Abbey" ou aulas sobre como preparar massas com algum chef celebridade local.

As novas ofertas dessas empresas estabelecidas são reflexo dos atrativos cada vez mais fortes de serviços de locação de acomodações como o Airbnb, que prometem ao viajante a oportunidade de viver como um morador local, afirma Fiona O'Donnell, diretora de pesquisa de viagens e lazer na Mintel, uma empresa de pesquisa de mercado em Chicago, nos EUA.

"Os hóspedes querem sentir que estão experimentando alguma coisa em termos de design e sabor local", diz.

As novas propostas também são a extensão de uma tendência que leva os hotéis, não importa onde estejam localizados, a buscar experiências que os incorporem mais às suas comunidades e ofereçam aos viajantes acesso a artistas e empresas locais.

Operadoras de hotéis dispõem de muitos dados sobre as preferências e comportamento de seus hóspedes frequentes, observa Bjorn Hanson, professor do Centro Jonathan Tisch de Hospitalidade e Turismo, da Universidade de Nova York.

Agora, os hotéis estão usando esses dados para levar os viajantes a gastar mais dinheiro em suas visitas. "O crescimento está desacelerando, e por isso eles precisam mudar de modelo, em direção a um aumento nos gastos [por parte dos hóspedes]", afirma Hanson.

No ano passado, o Airbnb lançou seu serviço de reservas, Trips, no qual "especialistas" locais vendem experiências concebidas por eles, como um dia de sete horas de trabalho com um jantar em um pomar urbano, na companhia de um documentarista de Los Angeles; ou um curso de dança exótica de três dias de duração em Londres, complementado por uma aula sobre como fazer um tapamamilo artesanal.

A Marriott está usando tecnologia para analisar e interpretar as atividades de clientes em seu aplicativo e fazer sugestões sobre as experiências que poderiam agradá-los no PlacePass, mesmo que o cliente não esteja hospedado em um de seus hotéis.

"A Marriott está adicionando valor às vidas dos consumidores para além da simples estadia em um quarto de hotel", afirma Stephanie Linnartz, vice-presidente comercial mundial da empresa.

O grupo Marriott vê sua rede Moxy como um hotel-butique com alma de albergue, explica Vicki Poulos, diretora da marca.

Os hotéis ficam tipicamente em áreas urbanizadas, procuradas por viajantes em busca de novidades, afirma Poulos. Diferentemente de hotéis localizados em subúrbios, nos quais os hóspedes não estão necessariamente atrás de novas experiências.

A rede Moxy deve abrir uma unidade na Times Square, em Nova York, na metade do ano; depois, planeja inaugurar em Manhattan e em três outros locais: Denver, Seattle e Londres.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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