Folha de S. Paulo


Após tigres mortos, Tailândia apura se turismo alimenta o tráfico de animais

Selfies com tigres, passeios de elefante e boxe entre orangotangos. A Tailândia oferece aos turistas diferentes atrações classificadas por ativistas que lutam pelos direitos dos animais como cruéis.

Na semana passada, ao resgatar 137 tigres em um templo budista de Bancoc, autoridades descobriram dezenas de filhotes da espécie mortos no local –o que despertou a suspeita de que algumas atrações turísticas possam estar servindo de fachada ao tráfico de animais.

"Sabemos que alguns zoológicos e companhias fornecem animais ao mercado negro", diz Steve Galster, diretor da Freeland, organização sediada em Bancoc que combate o tráfico de espécies selvagens. "Eles criam animais, ficam com alguns para ganhar dinheiro junto aos turistas e vendem os demais".

Não é de hoje que a Tailândia recebe acusações de ser polo do tráfico ilícito de bichos selvagens, em que espécies ameaçadas são vendidas.

O templo do Tigre, como é conhecido o lugar, "era só a ponta do iceberg", afirma Jan Schmidt-Burbach, consultor da World Animal Protection. O templo nega as acusações.

Com a repercussão do caso, o Departamento de Parques Nacionais tailandês disse que planeja inspecionar outros locais que usam tigres como atrações turísticas.

É o caso do zoológico de tigres Sriracha, em Chonburi, a leste de Bancoc. Como o templo do Tigre, o local cobra dos turistas para que eles alimentem filhotes de tigres ou tirem selfies com eles. A principal atração é um circo no qual sete tigres saltam por anéis de fogo ou caminham sobre as patas traseiras.

A Tailândia introduziu uma lei de proteção aos animais em 2015 para coibir o comércio ilegal de espécies, mas ativistas alegam que ela não é aplicada com rigor.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


Endereço da página:

Links no texto: