Folha de S. Paulo


Animais usados em atrações turísticas da Tailândia podem sofrer maus-tratos

Chaiwat Subprasom-13.jun.2014/Reuters
Elefante pintado com a bandeira do Brasil atrai turistas em Bancoc
Elefante pintado com a bandeira do Brasil atrai turistas em apresentação de rua em Bancoc

Os espetáculos e atrações com animais selvagens na Tailândia atraem milhares de turistas graças a seu caráter exótico, mas esconde denúncias, por parte de ONGs, de exploração, maus-tratos e tráfico ilegal de espécies.

Passeios pela selva montados em elefantes, fotos junto a tigres de aparência dócil e espetáculos de orangotangos que sabem lutar boxe são alguns exemplos de atividades oferecidas por zoológicos, mosteiros e parques naturais ao longo do país.

Em um templo da província de Kanchanaburi, a noroeste de Bancoc, vivem 147 tigres-de-bengala cuidados por monges budistas que zelam pelo local, tido como um santuário para a criação destes felinos.

No entanto, organizações acusam os religiosos de lucrarem com a cobrança dos visitantes para permitir que interajam com os tigres, desde uma simples carícia, um breve passeio ou tirar fotos com eles.

"Não sabemos como são capturados e nem tratados estes animais. Geralmente são vítimas do contrabando e são utilizados para encobrir atividades criminosas", diz Betty Tsa, diretora de comunicação da ONG Freeland.

"O Templo dos Tigres [como é conhecido o mosteiro] obtém receita equivalente a US$ 3 milhões por ano, além de estar envolvido em uma rede de tráfico ilegal há mais de uma década'", explicou Betty.

As autoridades tailandesas recuperaram em 29 de janeiro cinco tigres do mosteiro e os levaram para um refúgio, publicou no Twitter o precursor da Fundação de Amigos da Vida Selvagem da Tailândia, Edwin Wiek.

"Este foi o primeiro (e pequeno) passo para acabar com o tráfico ilegal, a exploração e a tortura", disse Wiek na rede social.

Situado em um terraço de um centro comercial nos subúrbios de Bancoc, o zoológico Pata, que abriga mais de 200 espécies, é outro dos pontos apontados pelas protetoras de animais.

Há dois anos, a gorila Bua Noi foi resgatada do parque após sua história ser divulgada: ela permaneceu durante mais de três décadas em cativeiro em uma jaula.

"Pata Zoo é o pior lugar para os animais dentro da Tailândia", afirmou Thomas Taylor, da Fundação dos Amigos da Vida Selvagem da Tailândia.

Este tipo de centros de lazer não só são acusados de maltratar e explorar os animais, mas também de carecer das adequadas medidas de segurança que evitem ataques contra turistas.

O último incidente ocorreu recentemente, quando um elefante matou um turista britânico e feriu gravemente seu cuidador ao reagir de forma violenta durante um passeio na ilha de Samui, um dos redutos turísticos do golfo da Tailândia.

A Tailândia aprovou em 2014 uma lei contra os maus-tratos dos animais, a primeira da história, que prevê multas de até 40 mil bahts (cerca de R$ 4.500) e penas de até dois anos de prisão para quem abandonar ou causar dor a um animal.


Endereço da página: