Folha de S. Paulo


Peru em avião? Como animais ajudam a lidar com estresse em voos

(Foto: biggestlittlepickle)
Foto: biggestlittlepickle
Foto postada por biggestlittlepickle no Reddit gerou 1.700 comentários (Foto: biggestlittlepickle)

Certamente não é todo dia que você encontra um peru sentado junto aos passageiros de um avião, mas esta é uma cena que pode se tornar cada vez mais comum.

Pelo menos nos Estados Unidos, onde a lei permite que pessoas viagem com bichos após prescrição médica.

Conhecidos como animais de terapia ou animais de apoio emocional, eles ajudam as pessoas a lidar melhor com estresse ou problemas ligados a saúde mental.

A companhia destes animais geralmente é prescrita por profissionais do setor de saúde (um terapeuta, por exemplo) para pessoas com problemas emocionais ou psiquiátricos, segundo o Serviço de Registros Nacional de Animais de Serviço, com base nos Estados Unidos.

Entre os animais mais comuns usados para esse fim estão cães, gatos, coelhos, pássaros, porcos e ouriços - existem Estados que restringem as espécies permitidas.

No entanto, nem todos gostam da ideia.

Na rede social Reddit, a foto de um peru em meio às poltronas de um avião, postada por biggestlittlepickle, gerou cerca de 1.700 comentários, muitos deles críticos.

"Isto é o que eu ganho quando rezo para não ter bebês no voo...", afirmou um usuário.

"Está ficando ridículo", escreveu outro.

Leia também: Por que as religiões de matriz africana são o principal alvo de intolerância no Brasil?

"Francamente, quem tem um peru como bicho de estimação precisa de terapia", comentou um terceiro.

PÁSCOA

O peru causador da discórdia é uma fêmea de nome Easter, ou Páscoa em português. Ela viajava com a dona, Jodie Smalley, da cidade americana de Seattle para Salt Lake City.

Jodie Smalley
Foto: Jodie Smalley
Dona equipou perua 'Easter' com uma fralda para acompanhá-la em voo de uma hora e meia

"Ter Easter comigo foi uma fonte de positividade. Eu poderia me concentrar nela se minhas emoções ficassem pesadas demais", disse Smalley.

"O voo que pegamos tinha apenas uma hora e meia de duração. Durante o voo ela ficou quieta e bem comportada. Ela estava usando uma fralda (que comprei) de um site especializado em fraldas para aves e funcionou muito bem!"

Smalley enfrentou, recentemente, situações difíceis: uma separação e uma morte na família. Ela passou por dificuldades mentais e emocionais, e Easter se transformou em uma fonte de consolo.

"Amigos encontraram Easter quando ela ainda era um filhote e a trouxeram para minha vida em um momento emocionalmente difícil", disse.

"(Enquanto eu) Estava em um ambiente tóxico, ela era algo que eu podia cuidar e amar. Passar um momento com ela, com sua atitude calma, dar afeição a ela é um momento de paz e meditação", afirmou.

Leia também: As doenças raras que deixaram de ser um mistério graças a projeto que desvenda genomas

"Com certeza tive dias mais difíceis e, não importava o que acontecia, Easter sempre me fez sorrir e rir", acrescentou.

CANGURU E PORCO

Apesar dos comentários negativos acima, a maioria dos internautas nas redes sociais viram o bicho de estimação de Jodie Smalley no avião com bons olhos.

Mas, em junho de 2015, as autoridades do Estado americano de Wisconsin mudaram as regras para o uso de animais de terapia depois que uma mulher entrou em uma lanchonete de uma rede de fast food com um filhote de canguru.

A mulher alegou que o canguru era um animal de apoio emocional, mas as autoridades determinaram que apenas dois animais poderiam ser "terapêuticos": cachorros ou cavalos miniatura (ou mini cavalos).

Em novembro de 2014 uma mulher foi retirada de um voo da US Airways quando seu animal de apoio emocional, um porco, defecou e fez barulhos dentro do avião pouco antes da decolagem.

Jodie Smalley
Foto: Jodie Smalley
Jodiey Smalley afirmou que Easter a ajudou em um período de separação e luto

Já foi alegado que as pessoas estão abusando das leis nos Estados Unidos para levar seus animais de estimação em voos.

Em um artigo para o jornal "New York Post", a articulista Charlotte Hays encara o mérito destes animais de uma forma mais cínica.

"Levar bichos de estimação onde eles legitimamente não são desejados é um exercício de egoísmo ou exibicionismo. Se você não pode ir sem o bicho, não vá."

AJUDA REAL?

Muitos se perguntam se animais de terapia realmente podem ajudar em questões de saúde mental.

Segundo Jodie Smalley, Easter a ajudou no momento mais difícil de sua vida.

"Easter é uma distração agradável, uma fonte de amor e afeição. No último ano e meio eu perdi a esperança, estabilidade, uma casa, um casamento, a família dos meus sogros e meu marido."

"Fico alegre ao ver a surpresa que ela causa em outras pessoas", afirmou.

"Uma das maiores vitórias na vida é inspirar outras pessoas e, para mim, Easter é uma embaixadora da inspiração."

Leia também: Banco Central mantém taxa de juros: Entenda a queda de braço


Endereço da página: