Folha de S. Paulo


Na Tailândia, comida de rua boa e barata vai de lámen a inseto frito

A chegada da noite parece transformar a alma de Chiang Mai, segunda maior cidade tailandesa, a cerca de 800 quilômetros ao norte de Bancoc.

O calor e o trânsito caótico dão uma trégua, as máscaras antipoluição saem de cena e uma atmosfera mais tranquila e convidativa domina –por exemplo, nas incontáveis barracas de comida, que se espalham na porta de lojas de conveniência, nas praças, em canteiros de obras.

Almoçar um prato quente nesses locais não sai por muito mais de 40 bahts (R$ 4,15) em regiões como a do Night Market, uma das principais atrações turísticas da cidade.

Ao lado de franquias de grandes redes de fast food, como o McDonald's, a "praça de alimentação" do mercado funciona das 11h às 23h. Por ela circula uma profusão de aromas intensos, dos sabores tropicais típicos do Sudeste Asiático, carregados de especiarias, pimentas, curry.

E, em meio à excitante vivência para o olfato, uma das frases que mais se ouve é "no spicy", dos estrangeiros pouco dispostos a se aventurar pelo apimentado paladar da gastronomia tailandesa.

O pedido para segurar a mão no tempero invariavelmente tem que ser feito na base da mímica –ainda que a simpatia dos vendedores predomine e desarme as maiores barreiras linguísticas, a comunicação em inglês é quase sempre rudimentar.

Na Tailândia, o hábito de fazer refeições na rua é enraizado: muitas pessoas nem têm cozinha em casa –em que se pese o fator financeiro, já que 12% da população vive abaixo da linha da pobreza.

É possível fazer todas as refeições do dia em barracas de rua gastando muito pouco e sem maiores problemas –ainda que a higiene, como costuma acontecer em locais que servem comida assim, nem sempre seja o ponto forte.

No café da manhã, a principal oferta é de um tradicional bolinho à base de arroz, com sabor levemente adocicado e recheios variados, que podem ser salgados (uma variação de carne louca) ou doces, com um creme de ovos.

Para beber, café gelado com açúcar de coco.

Ao longo do dia, a água de coco –com sabor mais encorpado do que a que estamos acostumados no Brasil– ajuda a aplacar o calor ou acompanhar as refeições.

Em pequenas bandejas de isopor, as barracas vendem combinações de arroz, vegetais e carnes, mas um dos pratos que mais atrai os turistas é o tradicional lámen. O macarrão, com massa de arroz, é preparado na hora e fica pronto quase que instantaneamente –servido com caldo de legumes ou de carne.

Na sobremesa, os crepes doces não fazem frente às frutas típicas, com sua beleza de cores fortes e aparência por vezes exótica: a pitaia ("dragon fruit") tem casca rosa e polpa branca, cheia de sementinhas pretas; o mangostão ("mangosteen"), castanho, lembra a lichia em dulçor e no formato da polpa.

Tailândia

INSETOS FRITOS E DANÇA

Em Chiang Rai, ainda mais ao norte, quase na fronteira da Tailândia com Mianmar, os sábados à tarde também oferecem um mergulho na comida de rua do país.

Às centenas, tailandeses e turistas lotam as ruas próximas à praça central, conhecida como Sunday Market.

Na feira de rua, ao lado de artesanato, roupas e objetos de decoração, espalham-se barracas com cardápios variados –e baixo custo, em média R$ 3 por prato.

Espetinhos de lulas e frutos do mar, com molhos apimentados, dividem espaço com torresmo, sushis de ovas e até insetos fritos. A água de coco é servida em copos que imitam os das lanchonetes de fast food.

Para comer, as famílias tailandesas ocupam tapetes e mesas baixas dispostos ao ar livre, em uma praça na rua Thanalai, ali ao lado. As danças típicas, com música ao vivo, embalam os mais animados noite adentro.


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