Folha de S. Paulo


Projeto de turismo comunitário tenta conter êxodo de quilombolas em MG

Uma das ambições do projeto da Rota dos Quilombos, que leva turistas ao Vale do Jequitinhonha –uma das regiões mais pobres do país, no nordeste de Minas Gerais–, é gerar recursos para as comunidades locais para tentar reduzir o êxodo de moradores.

A principal fonte de renda das famílias dos lugares por onde o tour passa é a aposentadoria –e muitas são bastante dependentes de programas sociais do governo.

Existe, historicamente, uma migração sazonal dos homens para São Paulo, para trabalhar nas plantações de cana e café. Sozinhas durante a maior parte do ano, as mulheres do vale começaram a ser chamadas de "viúvas de maridos vivos".

Mais recentemente, no entanto, esse fluxo para outros Estados foi engrossado por elas, que também levaram os filhos. O processo acaba esvaziando os quilombos –e ameaçando sua cultura.

A historiadora Agda Moreira, uma das coordenadoras do programa, explica que, por ter como base a oralidade, o saber quilombola se enfraquece com a saída das novas gerações.

"Quando os jovens e os adultos saem, existe uma ruptura muito significativa. Mesmo aqueles que voltam se apropriam tanto da cultura urbana que não veem mais tanto sentido em participar das festas, das danças, da religiosidade", afirma.

Rota dos Quilombos

ESTRUTURA

Por enquanto, as comunidades envolvidas no projeto não estão preparadas para oferecer pernoite. Por isso, a ideia é que os turistas se hospedem nas cidades próximas –como Berilo, Chapada do Norte e Minas Novas– e passem o dia nos quilombos.

Você pode ir até as comunidades com carro próprio ou, a melhor opção, contratar motoristas locais. Isso porque o caminho pode ter sinalização complicada, e a estrada de terra não é das melhores –na viagem que a Folha fez, uma chuva forte transformou a via em um lamaçal e o carro atolou; a reportagem dormiu de forma improvisada em um dos quilombos.

O jornalista viajou a convite da Oi Futuro

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ROTA DOS QUILOMBOS

INFORMAÇÕES E RESERVAS
Para informações, contatos e reservas, é preciso escrever para o e-mail do projeto, turismoquilombolamg@gmail.com. A página do Facebook "Agentes Quilombolas Socioambientais" também informa sobre o tour

QUANTO
Passeio de nove horas pelas comunidades custa entre R$ 260 e R$ 300 por pessoa, para grupos de até seis; inclui alimentação e monitor


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