Folha de S. Paulo


Erosão ameaça derrubar a Cabeça da Rainha, ponto turístico de Taiwan

Sam Yeh-12.out.2015/AFP
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Turistas próximos à formação rochosa no litoral de Taiwan

Cientistas estão lutando para salvar a milenar rocha "Cabeça da Rainha", de Taiwan, da erosão –mas a ilha está dividida em relação ao uso ou não da tecnologia para preservar a obra-prima natural.

Mais de 3 milhões de pessoas visitam o ponto costeiro em Yehliu a cada ano, batizado pela suposta semelhança com a rainha britânica Elizabeth 1a.

A "cabeça" inclinada de arenito, que se impõe sobre uma haste delgada. Moldada pela água do mar e por fortes ventos, a pedra tem seu topo algo semelhante aos cachos da realeza epônima.

Mas, com seus 4.000 anos, a a exposição a esses elementos naturais pode fazê-la enfim tombar.

"O pescoço pode se tornar muito fino para aguentar a cabeça e pode quebrar nos próximos cinco a dez anos se nada for feito", diz Hsieh Kuo-Huang, professor do Instituto de Ciências e Engenharia de Polímeros na Universidade Nacional de Taiwan.

"Qualquer tremor de terra forte ou furacão severo pode derrubá-la", diz Hsieh, um dos cientistas que estuda como preservar a rocha.

Pesquisadores dizem que a circunferência do pescoço está encolhendo cerca de 1,5 centímetro a cada ano, tornando mais difícil de suportar a cabeça de 1,3 tonelada.

"O formato da cabeça hoje é mais elegante", diz Helena Tang, da empresa que administra o geoparque em que a rocha se localiza. "Mas, infelizmente, não sobra mais muito tempo".

A equipe de Hsieh tem tentado salvar a formação, de oito metros, usando nanotecnologia para desenvolver tintas que protejam a rocha.

"Nossa análise mostra que a força do pescoço pode ser intensificada em até três vezes, e a resistência da superfície à erosão poderia ser bastante acentuada", afirma.

Até aqui, a tinha foi aplicada em rochas em volta, e os testes iniciais, em agosto, foram mal sucedidos –a tinta descolou. Desde então, a receita foi modificada e ainda está sendo testada, segundo Hsieh.

Mas, enquanto os cientistas quebram a cabeça, outras pessoas pensam que a natureza deva seguir seu curso.

"Se a paisagem costeira foi desenhada pela erosão, o ciclo de vida da Cabeça da Rainha é limitado", diz Pan Han-sheng, ativista do grupo ambientalista Tree Party. "Não entendo porque congelaríamos isso".

O geoparque fez uma pesquisa com 1.200 pessoas aleatórias na ilha antes dos testes com a tinta. Só 63% apoiaram os experimentos; a pesquisa apontou alternativas menos invasivas, como encapsular a formação em um gabinete de vidro.


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