Folha de S. Paulo


Alta do dólar deve motivar ofertas para viagens na baixa temporada

Pessoas com viagem marcada para o exterior -especialmente para os Estados Unidos- tomaram um susto nos últimos dias.

Na última terça-feira (27), o dólar atingiu seu valor mais alto desde o final de março de 2003: R$ 3,369 -número que superou até o pico de março deste ano (R$ 3,296).

Para viajantes, o câmbio era ainda mais desfavorável: o dólar turismo, sempre mais caro que o comercial, chegou a ser vendido por R$ 3,77 em cartões pré-pagos.

Quem estava com viagem marcada e deixou para trocar dinheiro na última hora vai ter que se conformar com os valores mais altos -e talvez readequar gastos no exterior.

Para os que ainda vão fechar suas viagens, há dois cenários: planejar-se e, se puder, aguardar alguns dias.

"As agências estão renegociando com seus fornecedores e devem lançar promoções em breve", diz Aldo Leone, presidente da Agaxtur.

Segundo a Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens), elas podem ser mais vantajosas que as tradicionais oferecidas durante a baixa temporada.

Nesta quinta (30), por exemplo, a Braztoa (Associação Brasileira dos Operadores de Turismo) lança a sétima edição da Turismo Week.

O evento vai oferecer mil pacotes com até 40% de desconto, primeiro só para o Nordeste (entre 10 e 16 de agosto) e depois para o resto do Brasil e exterior (dos dias 17 a 30).

Tentar baratear o mercado nacional e atrair mais público para compensar as perdas com turistas que viajam ao exterior é uma aposta das agências.

Na CVC, o pacote de oito noites em Fortaleza (CE) que saía por R$ 1.398 em 2014, neste ano custa R$ 988. Quatro dias em Foz do Iguaçu (PR) também tiveram redução, de 26% -de R$ 938, por R$ 698.

A Agaxtur vende, hoje, sete noites pelo preço de cinco em Porto de Galinhas (PE).

Optar por agências é outra tática para driblar o dólar alto. "Nelas, você trava o valor em reais e paga em parcelas fixas", lembra Sérgio Bessa, professor da FGV-Rio.

Os pacotes também podem incluir extras como passeios e refeições, gastos que o turista teria que bancar.

Quem prefere viajar por conta, apesar de talvez ter que readequar gastos com compras, pode esperar promoções vantajosas em passagens aéreas.

"No primeiro semestre, em momentos como esse, encontrava-se bilhetes para Miami por US$ 300", diz Magda Nassar, presidente da Braztoa.

BAIXA TEMPORADA

O lado bom dessa oscilação é que ela acontece em momento de baixa temporada, quando poucas pessoas estão programando viagens.

"Para períodos de grande demanda, como o Réveillon, o planejamento só deve começar para valer a partir de setembro", diz Marcelo Paolillo, diretor da agência Flytour.

O problema, nesse caso, é que não há grande certeza sobre os rumos da moeda.

"É o pior quadro para o turista, pois ele não consegue saber se a viagem vai custar, 20% a mais na volta. "Mas as perspectivas, por enquanto, não são de baixa."


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