Folha de S. Paulo


Brasileiros dão 'jeitinho' para baratear ida aos EUA; saiba como economizar

Alugar uma casa foi uma das soluções que a nutricionista Letícia Fadelli, 26, encontrou para não gastar tanto em Orlando frente à alta do dólar. "É mais barato que hotel. Além disso, vamos fazer compras no mercado, caprichar no café da manhã e fazer pequenos lanches ao longo do dia. As compras também serão menores."

Também para economizar, o consultor de TI Bernardo Cantelli, 28, foi com a mulher a Nova York e teve que abrir mão de algumas atrações.

"A gente queria ir ao Empire State e ao Top of The Rock. Tivemos que optar por um deles apenas", afirma ele sobre as atrações, cujas entradas custam a partir de US$ 29 (R$ 85). "Roupa? Eu não comprei nenhuma."

Segundo analistas, o dólar deve permanecer alto nos próximos meses. Quem viaja sofre mais, pois depende do dólar turismo, cuja cotação é sempre mais alta que a do dólar comercial –na última segunda-feira (2), US$ 1 equivalia a R$ 3,07 no turismo.

De acordo com a Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagens), os consumidores estão optando por alternativas, como reduzir o período de estadia, escolher hotéis mais baratos e resistir às compras e aos suvenires.

Em alguns casos, mesmo que o destino não tenha dólar, comprar essa moeda para trocar no local pode ajudar a "ganhar" com a variação cambial. É o caso de lugares como Malásia, Camboja e Tailândia, cujas moedas são desvalorizadas em relação ao papel americano e para onde foram o publicitário Sal Santos, 38, e sua namorada.

"Trocamos US$ 300 por 10 mil bahts (moeda tailandesa). Deixamos o valor no cartão pré-pago e sacamos em moeda local. Com a valorização do dólar, em dois dias 'ganhamos' quase 20 mil bahts. A passagem até aqui é cara, mas depois tudo é muito barato", conta ele.

EM PARCELAS

Para evitar prejuízos, os especialistas são unânimes em uma dica: compra fracionada. O viajante define quanto quer levar de dinheiro e divide o valor pelo tempo que resta até viajar –depois, compra a moeda em parcelas a cada dia ou semana.

O cartão pré-pago, menos atrativo devido ao pagamento de IOF, é boa opção para quem busca segurança. Ainda tem vantagem frente ao cartão de crédito, pois no pré-pago o câmbio é definido na hora da compra, enquanto no cartão de crédito ele varia até a data da fatura.

EURO

Em janeiro, o Banco Central Europeu anunciou um pacote de estímulos à economia e, depois disso, a moeda, que já vinha se desvalorizando, sofreu uma queda ainda maior –na terça-feira (3), estava em R$ 3,24. A procura, assim, cresceu nas casas de câmbio.

Nas agências, as viagens para a Europa estão com preço cerca de 20% mais baixo. "Se antes custava 20 para ir a Europa e 13 para ir aos EUA, hoje está custando 16. São 16 contra 13", diz Cleiton Feijó, da Nascimento Turismo.

O analista de sistemas Lucas Indrusiak, 31, aproveitou uma promoção de passagens para ir à Alemanha. "Gosto muito do país e, quando posso, prefiro viajar para lá. Mas, se o câmbio ficar instável, minhas próximas viagens devem ser no Brasil."

DICAS PARA ECONOMIZAR

> Escolha um pacote com menos dias no local

> Opte por hotéis mais baratos

> Na hora de alugar um carro, escolha uma categoria mais barata e negocie a diária

> Faça uma lista de compras e elimine os itens mais supérfluos

> Se ainda não fechou a viagem, opte por destinos na América Latina ou Canadá, Austrália e Nova Zelândia, mais em conta

> Algumas operadoras de câmbio oferecem descontos nas cotações em cartões pré-pagos carregados com dólares canadense, neozelandeses e australiano

> Se vai levar uma quantia de dinheiro apenas como reserva, negocie com a operadora uma espécie de contrato consignado, que permite converter até 20% do dinheiro levado pela mesma cotação

> Parcele a compra da quantia de dinheiro que precisa levar, adquirindo uma parte do dinheiro a cada semana

> Se não quer ter surpresas na fatura do cartão de crédito, opte pelo pré-pago

> Procure agências que oferecem câmbio reduzido na hora da compra do pacote

> Faça pesquisas e compare as cotações e taxas cobradas por bancos e casas de câmbio

Fontes: Cleiton Feijó, diretor comercial da Nascimento Turismo; Juvenal do Santos, diretor da Confidence Câmbio; Riberto Frederico, operador de câmbio da Ourominas; CVC; Abav-SP; TAM Viagens


Endereço da página: