Folha de S. Paulo


Rota de Jesus passa por comunidades judaicas, cristãs e muçulmanas

Nos trechos mais inóspitos da trilha de Jesus, sem fios de eletricidade no céu ou sacos de plástico no chão, é possível arremessar a imaginação ao passado e enxergar um jovem galileu tomando a estrada nos tempos bíblicos.

Mas os 2.000 anos que separam a história de Jesus do aventureiro contemporâneo alteraram o trajeto, a paisagem, a fauna e a flora, de modo que a caminhada entre Nazaré e Cafarnaum não foi criada para ser um exercício histórico –embora funcione como tal–, e sim como uma aventura pela natureza.

"Criamos essa trilha a partir da nossa intuição de viajantes", afirma à Folha Maoz Inon, um dos dois fundadores do percurso, hoje reconhecido oficialmente pelo governo israelense.

Inon estabeleceu por quais pontos o caminho poderia passar, tendo em vista reunir o maior número possível de locais citados na Bíblia. Em seguida, desenhou o trajeto que passasse por eles e oferecesse também outras visões, como os Chifres de Hattin.

Também era preocupação de Inon e de seu colega, David Landis, envolver atores locais. Eles recomendam aos viajantes que se hospedem com moradores da região. O site jesustrail.com lista opções de hospedagem -a reserva pode ser feita por telefone ou pela internet mesmo (leia mais à direita).

"Acreditamos no turismo como uma maneira de criar um lugar melhor para a comunidade local", diz Inon, que também se esforçou para que o caminho passasse por comunidades judaicas, muçulmanas e cristãs, "estabelecendo assim um lugar em comum entre as três".

A PÉ

Apesar de a trilha não ser a reconstrução de todos os passos de Jesus, um a um, o caminho deve manter ocupados os viajantes interessados em história.

A Galileia foi uma encruzilhada de culturas distintas por milênios, e passava por ali a importante via maris romana, estrada que ligava Europa, África e Ásia.

"Jesus era um dos muitos professores itinerantes", diz o pesquisador Linford Stutzman, especializado no período. "Havia poucas oportunidades para pregadores em Jerusalém, então, a viagem a áreas remotas era uma maneira efetiva de espalhar uma mensagem ao povo."

Stutzman cita o trecho do Evangelho em que Jesus instrui seus discípulos a não carregar bens, na estrada. Ele nota que "uma pessoa bem conectada não precisaria levar muitas coisas, e viajaria sem peso". "Viajantes como Jesus eram fortes fisicamente, e conseguiam fazer o trajeto com velocidade."

Editoria de Arte/Folhapress

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