Folha de S. Paulo


Aluguéis baratos e cena musical transformam Leipzig na 'nova Berlim'

Em 1989, a cidade de Leipzig era polo industrial da então Alemanha Oriental e supostamente tinha a pior atmosfera do país. Fábricas despejavam toneladas de dióxido de enxofre no ar, e as vias aquáticas poluídas emitiam um odor fétido.

No entanto, passado um quarto de século, Leipzig deixou para trás sua reputação como a capital da pobreza da Alemanha e renasce como meca cultural –e, talvez, como a "nova Berlim". "Já ouvi essa definição, mas não gosto dela", diz o prefeito da cidade, Burkhard Jung. "Não somos Berlim; somos Leipzig."

Gordon Welters - 22.ago.2014/The New York Times
Movimento em rua de Leipzig, nova meca cultural alemã
Movimento em rua de Leipzig, nova meca cultural alemã

Ao longo do último ano, Leipzig, com 530 mil habitantes e a 190 km da capital, está envolvida em um debate sobre o que é "cool" na Alemanha moderna.

Em fevereiro, surgiu um burburinho quando o blog americano Gawker declarou que "Berlim acabou". A história causou discussão em toda a Alemanha. "Berlim não acabou", protestou o diário "Der Tagesspiegel". "Berlim acabou, mas e daí?", resmungou a rede Deutsche Welle.

Editoria de Arte/Folhapress
Onde fica Leipzig
Onde fica Leipzig

Não demorou para que Leipzig fosse arrastada para a briga. Muitos moradores propuseram a cidade como nova base europeia para os antenados na casa dos 20 anos.

As coisas começaram a mudar no começo dos anos 2000, quando a Porsche a BMW instalaram fábricas na cidade. A injeção de dinheiro levou Leipzig a começar a se renovar. E isso trouxe os jovens de volta. Os aluguéis baratos são um grande atrativo. Outros vêm pelo som.

A música não é novidade para Leipzig, lar de compositores como Bach e Wagner. Uma cena de casas noturnas e música tecno como a de Berlim se desenvolveu e bandas internacionais tocam no histórico UT Connewitz, espaço imenso que surgiu como cinema e se tornou casa de dança.

A turma dos viajantes festeiros na Europa captou a tendência. No ano passado, Leipzig registrou 2,8 milhões de estadias em hotéis, ante 1,6 milhão em 2006.

Em outras palavras: as coisas estão transcorrendo segundo o plano. Jung disse que dedica 10% do orçamento da cidade à cultura.

A cultura, aliás, era aquilo pelo que a cidade era conhecida muito antes das fábricas de automóveis, ele considera. E acrescenta que, já que é claro que Leipzig jamais reconquistará sua primazia industrial, o melhor é que se veicule como um parque de diversões artístico. A mensagem dele aos artistas: "Venham! É sexy viver aqui!".


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