Folha de S. Paulo


Tour pela Noruega passa por lago onde paisagem chega a ser perturbadora

Após uma passagem pela cidade de Bergen, com o casario de madeira de Bryggen (outro patrimônio cultuado pela Unesco), o ônibus nos conduz a novo mergulho no oceano de paisagens norueguesas.

No lago Jolster, o espelhamento do céu na água se mostra mais uma vez perturbador: dá a sensação de que habitamos uma tênue película entre dois universos de luz. Em Stryn, na curva de uma montanha, mais fotos de cartão-postal, agora do fiorde Nord.

Em Loen, passeio de barco pelo lago que já enfrentou dois tsunamis (em 1905 e 1936) provocados por deslizamentos da montanha, com ondas de até 70 m de altura. Visita a uma das línguas de geleira (Kjenndalbreen) com 487 km² de superfície. Pernoite em outro hotel com spa, o Alexandra (do mesmo calibre do Ullensvang), tomado por vários americanos, prováveis fãs de "Frozen".

Partimos de Loen no dia seguinte, o quarto de nossa viagem. O caminho, novamente de ônibus, atravessa o passe de Djupvasshyta (1.030 m).

A estrada estreita serpenteia entre duas paredes de neve que chegam a 2 m de altura. Na encosta em frente, os pontinhos escuros são esquiadores que sobem a montanha a pé, sem elevadores nem teleféricos (noruegueses são muito determinados, como provou Roald Amundsen ao conquistar o polo Sul, em 1911, sobre esquis).

Os mil metros de declive à frente exigem muito do freio auxiliar do ônibus (retardador a óleo). Mal sabia o grupo que o melhor ainda estava por vir.

PAISAGEM IMPERIAL

Tsuguliev/Fotolia
cred: Tsuguliev/Fotolia lege: Norway Mountain Vibrant Landscape Trolltunga Odda Fjord Norge Hi, paisagem da Noruega, para matéria de Turismo ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
À esq. pedra Trolltunga, na região do fiorde Hardanger, na Noruega

A meia altura das montanhas que se despenham em direção a Geiranger, parada para tomar um espumante no desfiladeiro Flydalsjuvet. A vista do fiorde de Geiranger é, bem, indescritível. Só vendo.

O lugar tem uma espécie de trono construído em pedra e madeira, inaugurado pela rainha norueguesa, Sonja. Apesar do gosto duvidoso da "instalação", o panorama é mesmo digno de reis.

O restante do percurso até o hotel Union se faz em dois carros abertos Packard, da década de 1930, do tipo que servia para levar os nobres europeus do porto do fiorde até as hospedarias na encosta. Onze dessas raridades foram restauradas pela família Mjelva, que mantém o Union há quatro gerações.

Nova excursão de barco pelo fiorde, mas a Noruega ainda nos reserva surpresas: as Sete Irmãs, um conjunto fenomenal de cachoeiras num degrau de rochas negras com 240 m de altura. Se você assistiu a "Frozen", já tem uma ideia do que se trata.

Não muito longe dali, na mesma margem do fiorde de 16 km de comprimento, serpenteia pela escarpa de 625 m a estrada das Águias. Construída em 1954, a via em zigue-zague será cenário de um filme sobre tsunamis, "A Onda" (dezenas de carros e caminhões da produção tomam o acostamento).

O roteiro mais tradicional dos fiordes da Noruega, que pode ser cumprido em um a cinco dias com o trajeto-padrão "Norway in a Nutshell" (www.norwaynutshell.com), se concentra na região entre Oslo e Bergen. Mas, se você tiver de escolher um único fiorde para ver antes de chutar o balde, não pestaneje: vá ao Geiranger.

Seria desumano desejar a alguém, mesmo que ao pior inimigo, que termine a vida sem contemplá-lo.


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