Folha de S. Paulo


Ilha artificial com réplica de aldeia indígena cubana está afundando

A aldeia taína de Guamá, um centro turístico-cultural localizado em uma ilha artificial dentro de uma lagoa de Cuba, pode submergir se não forem feitas ações urgentes de restauração, revelou nesta terça-feira (18) a televisão local.

A ilha artificial foi construída em 1964, em meio à Laguna del Tesoro, a 150 km de Havana, e nela se reproduz a vida cotidiana de uma aldeia taína - uma das comunidades aborígenes de Cuba quando chegaram os espanhóis, há cinco séculos -, com vinte esculturas de Rita Longa (1912-2000), a principal escultora cubana do século 20.

"Se não tratarem de fazer a recuperação, ela desaparecerá porque a lagoa vai comendo a ilha", declarou à televisão o escultor Urbano Bouza, que foi ajudante de Longa.

O projeto da aldeia, que conta também com um motel que recebe milhares de turistas por ano, foi lançado pelo ex-presidente Fidel Castro e por Longa, mas há 25 anos não se fazem trabalhos de restauração na ilha, segundo a televisão.

"Até agora conseguimos conservar as estátuas, mas não foi possível fazer o mesmo com o 'recheio de terra' da aldeia taína. Hoje em Guamá não há gruas, dragagem ou brigada de manutenção" que realizem esses trabalhos, disse à televisão Nadiesda Santamaría, diretora do parque turístico.

Uma das estátuas, que representa uma mulher fazendo trabalhos domésticos à beira-mar foi resgatada mais de uma vez ao ficar submersa por causa do afundamento da ilha e da erosão da costa, segundo a reportagem.

Os taínos eram o povo indígena mais desenvolvido de Cuba dos três existentes quando chegaram os espanhóis. Eles foram exterminados em poucos anos pelos conquistadores e doenças vindas do Velho Mundo, além de suicídios coletivos para evitar a escravidão.

O parque Guamá, na Cienaga de Zapata, constitui um dos lugares mais visitados pelos 2,8 milhões de turistas estrangeiros que anualmente vão à Cuba. O lugar está muito próximo da Bahia de Cochinos.

"Independentemente da situação econômica do país, há que buscar-se uma solução, pois é irreversível o processo (de erosão) e vamos perdê-la", disse o vice-diretor do parque, Luis Betancourt.


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