Folha de S. Paulo


Conheça três roteiros para fazer de bicicleta no hemisfério Norte

Para muitos ciclistas, pedalar é uma espécie de paraíso. Você é simplesmente um corpo, respirando ar limpo e pensando pouco. Esse é o lado meditativo. E o fato de que pedalar não danifica os joelhos ajuda. Esse é o lado do exercício de carga leve. E há os adeptos que gostam de passear, os ciclistas que curtem circular livremente, sem trajes colantes ou cronômetros. Para eles, pouco importa a quilometragem. O prazer está no vento que atinge seus rostos, na tranquilidade e paz que sentem.

Com a chegada do outono no hemisfério Norte (primavera no hemisfério Sul), três repórteres contam sobre seus percursos ciclísticos favoritos, de uma rota muito querida que une os campos verdejantes e o lago Champlain, em Vermont, ao interior do Estado de Nova York, a uma viagem pela verde paisagem do oeste da Irlanda e um passeio noturno pelas ruas de Paris.

Stewart Cairns/The New York Times
Ciclista em rota no lago Champlain, nos EUA
Ciclista em rota no lago Champlain, nos EUA

Placa de 'estrada fechada' é sempre aposta para o ciclista

Se você está viajando de bicicleta, uma placa de "estrada fechada" é sempre uma aposta. Se decidir ignorá-la, talvez seja recompensado por quilômetros de percurso livre de automóveis. Mas também há os dias em que um beco sem saída força o retorno.

Foi a escolha que tivemos de enfrentar nas colinas verdejantes dos Adirondacks, em Nova York (EUA). A placa notificava sobre o bloqueio de uma estrada panorâmica. Depois de uma breve troca de ideias com meu amigo Sean Luitjens, decidimos que não respeitaríamos a placa.

Então, subimos e descemos colinas como se estivéssemos em uma montanha-russa, desfrutando de uma salada de vistas clássicas: terras cultivadas, árvores e o lago Champlain à distância, um velho celeiro perto do tronco de uma imensa árvore e um cemitério.

Chegamos ao trecho danificado que explicava o fechamento da estrada. Um pedaço da via havia desabado em um riacho. O risco que aceitamos ao ignorar a placa tinha valido a pena. Passamos a pé pelo trecho e voltamos a montar nas bicicletas logo adiante. Saí pedalando com ânimo renovado, feliz por ter mostrado à placa quem manda. Ao chegarmos à rodovia 9, recebemos nova recompensa: uma vista deslumbrante do parque Ausable Chasm, onde o rio Ausadle passa por uma série de cachoeiras. (WC)

PARQUE AUSABLE CHASM
Quanto US$ 16,95 (R$ 37)
Onde rodovia 9, 2.144, Ausable Chasm
Site ausablechasm.com

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Irlanda investe em rota para atrair turistas

Por mais de 70 anos, a Midlands Great Western Railway, no oeste da Irlanda, ficou esquecida. Agora, a ferrovia do século 19 é um refúgio onde ciclistas percorrem bosques e pastagens onde se podem ver ovelhas pequeninas.

Quando parti para uma viagem por essa paisagem, apostei que não teria de enfrentar os temporais que caem sobre na região.

Eu e meu marido estávamos cientes de que a Great Western Greenway (novo nome da ferrovia), rota de Westport às dunas na costa atlântica, resulta de um grande esforço irlandês para transformar uma ferrovia obsoleta, no condado de Mayo, em propulsor do turismo ciclístico, num momento no qual o país enfrenta crise econômica.

A transformação ocorrida desde 2010 provou ser um sucesso tão grande que a Irlanda está planejando uma rede nacional de rotas ciclísticas.

O único problema é controlar a chuva incessante. Amigos haviam recomendado que fizéssemos a viagem pela rota, garantindo que, se nos cansássemos ou o tempo virasse, as lojas de locação de bicicletas ofereciam serviços de coleta por menos de US$ 20 (cerca de R$ 40).

O terreno estava de acordo com nossas expectativas de esforço moderado. Boa parte da trilha é plana, com colinas suaves. Estávamos livres do ronco dos carros -em lugar disso, podíamos saborear o rugido do rio Bunnahowna.

Ocasionalmente, tínhamos de desviar de ovelhas errantes que tomavam a trilha.

Mas elas são parte do charme da Greenway; a trilha percorre as terras usadas como pastagem por mais de 160 pecuaristas e ovinocultores.

Viajando de carro, quem consegue perceber os detalhes, como as enormes nuvens de plantas?

A Greenway é tão organizada que é possível prová-la à la carte, percorrendo-a durante um dia todo ou simplesmente percorrendo um trecho e chamando o serviço de "coleta", que busca o turista. Dividimos nosso passeio em dois dias porque, quando estávamos chegando a Newport, as nuvens escuras finalmente se tornaram temporal.

Mas a chuva tem seus benefícios: nos refugiamos em um pub familiar chamado Grainne Uaile (grainneuailenewport.ie), onde um cardápio de lousa oferece cordeiro, bacalhau cozido e o especial do dia. (DC)

GREAT WESTERN GREENWAY
Quanto a entrada na trilha é gratuita
Site greenway.ie

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Pedalar por Paris é como engolir as delícias da cidade em bocados

Quaisquer esperanças que eu tivesse de passar por parisiense ao participar de um passeio noturno organizado pela Fat Tire Bike Tours foram rapidamente abandonadas.
Depois de pedalar por um dos pátios internos do Louvre, a imensa alegria de absorver tanto de Paris em uma noite me fez perceber que o passeio valia a pena, mesmo que eu não fosse de lá.

Apenas uma pequena parte do passeio de quatro horas e meia envolve percorrer ruas movimentadas. A rota conduz os ciclistas a pontos como o jardim das Tulherias, a pirâmide do Louvre e a catedral de Notre-Dame.

Explorar uma cidade caminhando pelas ruas pode ser parecido com saborear um petit four, uma mordidinha por vez, mas pedalar por Paris permite que você engula as delícias da cidade em bocados. Uma das mais belas capitais do planeta passa correndo por você.

O passeio inclui uma viagem de barco de uma hora pelo Sena. (PC)

FAT TIRE BIKE TOURS
Quanto € 30 (R$ 89)
Saída às 19h (até 26.out)
Ponto de Encontro Torre Eiffel
Site paris.fattirebiketours.com

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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