Folha de S. Paulo


Chilenos e peruanos disputam pelo pisco

Para conhecer a verdadeira ira peruana, experimente perguntar a um interlocutor local, como quem não quer nada: "Mas esta bebida chamada pisco não é chilena?".

Não é só uma gafe (como perguntar a um brasileiro se a cachaça é uma bebida argentina): é tema de guerras.

Chilenos e peruanos (com reforço dos bolivianos) batalharam, de fato, entre os anos de 1879 a 1883, na chamada Guerra do Pacífico. Os primeiros foram os vencedores. Os peruanos não se esquecem.

Tão ou mais grave do que as hostilidades bélicas, parece ser o fato de os chilenos tentarem se apropriar da bebida nacional local, o pisco.

A aguardente de uva é produzida hoje nos dois países. Mas o cidadão peruano lhe dará uma lista das vantagens da versão nacional, que variam da quantidade de uva usada em cada país (oito vezes mais no Peru) até o uso de açúcar no pisco chileno (a Folha não ouviu o "outro lado").

Segundo Raul Rosas, barman do restaurante Astrid & Gastón, há 200 grandes produtores de pisco, e 60 deles disputam para ver quem é o melhor.

O visitante do país terá muitas oportunidades de chegar a suas próprias opiniões: a bebida é fartamente servida, em geral como o tradicional drinque pisco sour (com limão e clara de ovo) ou no mais moderno chilcano, em geral feito com o refrigerante ginger ale e limão.


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